quinta-feira, 11 de abril de 2013

A IMPORTÂNCIA DE VER, REVER E RESSIGNIFICAR EXPERIÊNCIAS

Recorremos à ficção para elaborar os acontecimentos do mundo real, procuramos na ficção nossos “iguais”, perdidos nas histórias, nos contos de fada, nos romances ou até nos filmes de terror.
Dizem que só as crianças assistem incansavelmente, uma, duas, inúmeras vezes o mesmo programa ou filme. Deliciam-se com as mesmas imagens - que não lhes parece, assim tão iguais – decoram as falas, imitam as vozes, como cópias autênticas, irrepreensíveis e divertidas de tão caricatas que parecem. Bem, refletindo um pouco mais sobre isso, talvez tal afirmação ocorra porque as pessoas preferem não se denunciar, confessar uma fraqueza, tida, até então, como algo infantil e completamente sem sentido.
Mas agora este cenário mudou. Aviso aos navegantes compulsivos no “ver e rever de programas e filmes”:  “um estudo publicado na última edição da revista Social Psychological and Personality Science, de autoria da psicóloga Jaye Derrick apresentou evidências de que a TV pode restaurar a força de vontade – mas não pelas razões que a maioria das pessoas esperaria”.
O estudo de Derrick sugere que “escrever sobre o programa de TV que você mais gosta pode estimular a concentração, a força de vontade e melhorar o esgotamento, trazendo humor”.
Então podemos concluir que se pensarmos em um programa engraçado ou que apresente algo considerado ‘feliz’ poderia de fato melhorar nosso humor?
Estudos anteriores apontam que “interações sociais positivas podem restaurar a força de vontade esgotada”. Mas, cuidado! A pesquisa de Derrick alerta que “situações sociais também podem possuir interações negativas com efeitos contrários”. Seus estudos indicam que “pensar e escrever sobre um programa de televisão favorito parece engajar o mecanismo das interações sociais positivas, mas sem os efeitos negativos”.
Pesquisando sobre o tema, Derrick, em outro estudo, demonstrou que as pessoas buscam o que ela chama de “familiares em mundos de ficção”, mas em contextos do mundo real, e investigou a forma como isso afeta o humor.
Os resultados da pesquisa sugerem que “se você está enfrentado uma tarefa que exige muito autocontrole – como começar uma nova rotina, parar de fumar ou lidar com situações difíceis no trabalho – você vai se sentir melhor com mais força de vontade se parar e fizer novamente antigas observações ou reler um livro favorito ao invés de ler um novo”.
Interessante saber que recorremos à ficção para elaborar os acontecimentos do mundo real, procuramos na ficção nossos “iguais”, perdidos nas histórias, nos contos de fada, nos romances ou até nos filmes de terror. Quem sabe o “ver e rever” nos leva a um maior entendimento de quem, na verdade, somos ou do que somos capazes de realizar na crueza do mundo real. Filmes e programas de TV com seus personagens refletindo nossas histórias íntimas, ocultas e não reveladas, muitas vezes, nem para nós mesmos. Quem saberá delas?
A imagem refletida no espelho
Talvez apenas a própria imagem refletida no espelho nos indique a verdade de quem somos com todas as nuances; desejadas e ingratas imagens denunciadoras da passagem do tempo e da transformação provocada pelos anos, tanto bem como mal vividos.
A vivência da “dor do não reconhecimento da própria imagem refletida no espelho” foi tema de inspiração para o fotógrafo norte-americano Tom Hussey que, no projeto idealizado, contratou modelos que se pareciam com as imagens que senhores e senhoras quase octagenários tinham de si mesmos e os retratou frente à frente.
O trabalho resultou em fotos belíssimas que nos fez viajar em cada história, um mergulho no passado com escalas no presente, um vai e volta sem fim de ressignificações, inquietantes e intensas: transformações possíveis rumo a um projeto de vida futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário