sexta-feira, 12 de abril de 2013

ENVELHECER CONDUZ A NOVOS HÁBITOS E JEITOS DE SER

Envelhecer: uma realidade que conduz a novos hábitos e “jeitos” de ser e estar na vida.

Com uma profunda mudança no perfil da população brasileira, uma nova configuração de vida se faz necessária, novos arranjos levarão a alteração nos hábitos e costumes da terceira idade.             

Que o Brasil está envelhecendo, isto já não é mais novidade para ninguém. O que não imaginávamos é que, um dia, chegaríamos a resultados tão alarmantes. Segundo números do Censo 2010, o país possui quase 191 milhões de habitantes: 13% de 0 a 9 anos, 19% de 10 a 19 anos, 61% de 20 a 64 anos e 7% de 65 a 100 anos ou mais.

Segundo a reportagem "População envelhece, e idosos aderem a
novos hábitos", assinada por Flávia Gatti e produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, do Rudge Ramos Jornal, a explicação para que esse número cresça é simples: baixo crescimento populacional, aliado à diminuição da taxa de fecundidade e natalidade, e aumento da expectativa de vida. Há quem diga que em 2050 o Brasil terá cerca de 63 milhões de idosos, o que significa que existirão 173 idosos para cada 100 jovens.

Com essa mudança no perfil da população brasileira, uma nova configuração de vida se faz necessária, novos arranjos levarão a alteração nos hábitos e costumes da terceira idade. Falamos de um público bastante heterogêneo de consumidores, isto sem citarmos as diferenças culturais e de formação. Como dispõem de tempo para fazer compras, esse pessoal vai ao supermercado, passeia, viaja e se deleita com os programas culturais.

Segundo dados da pesquisa "O panorama da maturidade", da Gfk Indicator, estamos falando de uma população de tem uma renda que soma R$ 7,5 bilhões ao mês. Esse valor representa o dobro da média nacional, Ao contrário do que se pensa, esse público não é nada conservador. Nos últimos 10 anos, a renda desse grupo vem melhorando. O IBGE não possui dados sobre a população economicamente ativa idosa, mas a população com 50 anos ou mais representa, aproximadamente, 21% desse público, de acordo com o levantamento de julho deste ano. Isso possibilita que ele se interesse mais pelas compras e, portanto, as planeje melhor. O que eles realmente querem é aproveitar melhor a vida.

E "aproveitar a vida" significa permitir-se estar no mundo e usufruí-lo da melhor maneira. Como, atualmente, as informações chegam mais facilmente a casa das pessoas, tudo parece estar a mão: compras pela internet, museus do mundo todo com visitas virtuais, a televisão levando sonhos, mas também possibilidades reais, ou seja, tudo é tão maravilhoso e atraente que não há como resistir.
Poderíamos citar inúmeros exemplos, a começar pela estética. Nunca, as clínicas de rejuvenescimento com seus "mimos" milagrosos fizeram tanto sucesso. A indústria de cosméticos brinda os resultados e com razão. Graças à inovação tecnológica, é possível encontrar produtos para todas as idades e bolsos.

O mercado de cosmético, assim como o setor bancário e as instituições de ensino começam a enxergar esse público como promissor. De acordo com números divulgados em 2008 pelo Instituto de Pesquisas Datafolha, somente 5% dos idosos têm acesso à internet no país. Embora o índice seja pequeno, já causa mudança, pois, quanto mais acesso à informação o idoso tem, mais ele se torna aberto a novas experiências. Diversas faculdades já oferecem cursos destinados aos idosos.

Pela pesquisa da Gfk Indicator, os consumidores da terceira idade revelaram um desejo de serem incluídos, e não separados, das outras pessoas na hora de serem retratados pela mídia. De fato, a segmentação adquire, muitas vezes, uma conotação um tanto preconceituosa. E isso pode ser visto no comércio em geral, quando um idoso chega a uma loja e o atendente, antes de qualquer coisa, pergunta se o mesmo quer sentar e descansar "um pouco". Esta é uma situação muito comum que irrita os idosos, eles dizem que se sentem fazendo parte de alguma "espécie" diferente do gênero humano.

Atenção: aquele que envelhece nos dias de hoje quer pertencer a muitas coisas, muitas tribos e grupos. Melhor, até em casa pode existir prazer, por que não? Assistir televisão é uma boa diversão, distrai e também estimula. Ler revistas, jornais e livros são atividades que os levam a outros mundos, à realidade, à ficção e tudo com muito romance. Entre as atividades praticadas fora do lar, estão as idas à igreja, ao shopping, caminhadas e prática de esportes.

A pesquisa mostra que em relação às despesas, as maiores são com supermercados (24% do total de gastos), planos de saúde (9%), luz e telefone (ambos com 6%). Quando se trata de gastos pessoais, as compras de remédios lideram o ranking (10%). Em seguida, vêm os investimentos em viagens (mais da meta dos idosos viaja ao menos uma vez no ano).

Entretanto, apesar da mudança percebida, com que o mercado enxerga o idoso hoje, parece que o caminho ainda não está suficientemente claro para os executivos "marketeiros". Hoje, as estratégias de marketing para atrair esse público ainda são frágeis, precárias e fracas de conteúdo. Um exemplo é o mercado da moda.

A reportagem conta que uma moda direcionada exclusivamente ao público idoso é praticamente inexistente no país, segundo o estudo "Idoso, moda e sedentarismo: possíveis relações", publicado na revista "Arquivos em Movimento". Na análise, os autores explicam que, com as mudanças que ocorrem no organismo (sedentarismo, perda de massa magra, decréscimo de estatura, aumento na gordura abdominal, flexão do tronco), surgem as limitações físicas e funcionais. Isso acaba refletindo no modo de se vestir dessa população, que passa a priorizar a funcionalidade das roupas.

O que fica claro é que os idosos não encontram outras possibilidades na forma como se vestem. E para não ficar "diferente" ou flertar com o excêntrico, optam pelo igual, parecendo até uniformizados. Mas algumas grifes atentas para estas questões e reclamações de muitos consumidores começaram a criar um tipo de moda que possa atendar a expectativa daquele que envelhece, sem fazê-lo parecer um adolescente ou descaracterizado do como ele é e se sente. A roupa veste nossos corpos, mas acima de tudo, nossa alma que fala através desse belo ou, eventualmente, ridículo envoltório.



 

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