sexta-feira, 12 de abril de 2013

TERCEIRA IDADE - VIVER MAIS, MAS VIVER MELHOR


“Sabendo que as alterações neurais começam assim que se atinge a idade adulta podemos, desde cedo, investir em educação continuada, atividades físicas, exercícios mentais, bom sono, boa alimentação - e, assim, fazer o possível para envelhecer bem.
        
Entender o processo de envelhecimento se transformou em algo fundamental na vida das pessoas. Para isso, especialistas de diversas áreas arregaçam suas mangas e rumam em busca de respostas, não poupando esforços para desvendar os mistérios da existência e o porquê do fim dela.

Não estamos inocentes nessa empreitada. Tudo gira em torno da mísera possibilidade de se viver mais e melhor. Esticamos os anos o quanto podemos: checkups sofisticados, cremes milagrosos, exercícios específicos para o corpo e para a mente, alimentação adequada, produtividade em alta e claro, muito bom humor e disposição diante da vida.

Quem pensa que tudo isso é fácil, se engana. Haja energia para executar tantas atividades ao mesmo tempo. Mas assim é.
 
Suzana, afirma que entender o envelhecimento do cérebro é uma das grandes preocupações da neurociência: “Nossas respostas vão ficando mais lentas, a memória sofre, o raciocínio se arrasta um pouquinho: por quê? Morrem neurônios? Desaparecem sinapses? O metabolismo deixa de ser suficiente? O que causa o declínio funcional do cérebro com a idade, e quando ele começa?”.

E se fizéssemos mais palavras cruzadas? Um, dois, três e colocaríamos nossos neurônios em ginástica constante? Seria possível? Bem, perguntas bobas para quem deseja avidamente viver.

Mas a neurocientista não nos trás boas notícias. Um número de células no cérebro de ratos de diferentes idades foram analisadas e os resultados apresentados nada animadores: “Nos animais de dois anos de idade - bem velhinhos, para ratos -, encontramos cerca de 30% menos neurônios do que nos jovens adultos, de dois ou três meses de idade, numa perda generalizada por todo o cérebro”.
 
Ela ainda completa: “E o que é pior: a perda, progressiva, se nota já a partir dos três meses de idade. Ou seja: mal o bicho chega ao seu ápice, no final da adolescência, e já é ladeira abaixo -pelo menos em termos de números de neurônios. Falta determinar se essa perda de neurônios de fato causa perda cognitiva, mas é de se esperar que perder neurônios ao longo da vida não seja boa coisa.

Para não tornar a situação pior do que já é, Suzana, põem panos quentes e diz que ainda existe uma luz no fundo do túnel para nós, humanos que envelhecemos assim que saímos do aconchego da barriguinha de nossas mães. Não queremos viver? O preço é esse!

Na onda das boas notícias, a neurocientista diz que “embora a perda média seja de 30% dos neurônios, a variação é grande entre indivíduos. Ratos, portanto, também nisso são como pessoas: alguns envelhecem bem, outros nem tanto. De onde vem essa diferença? Ainda não se sabe, mas alguns suspeitos são conhecidos”.

Animem-se caros leitores, tem uma segunda boa notícia, mas essa já falamos no início dessa matéria: “Sabendo que o declínio neuronal começa assim que se atinge a idade adulta podemos, desde cedo, investir em educação continuada, atividades físicas, exercícios mentais, bom sono, boa alimentação - e, assim, fazer o possível para envelhecer bem”, sugere Suzana.
 
“Qual a sua verdadeira idade? Você sabia que nem sempre é aquela revelada pela certidão de nascimento? Cientistas afirmam que nosso estilo de vida pode provocar diferenças de até 20 anos - para mais ou para menos. E você - está preparado para o futuro? Então conheça os cinco mandamentos fundamentais para uma velhice perfeita”.

Na verdade, falar em “mandamentos”, soa como uma obrigação. Envelhecemos de jeitos diferentes por isso falamos de velhices porque cada um de nós tem a sua e que é construída ao longo dos anos.

As velhices
Foram tantas as velhices que surgiram de famosos e não tão famosos - e que continuam a nos surpreender que é normal falarmos: “Ah...se eles também ficam velhos, por que não eu?”.
 
Segundo a matéria a tendência de postergar a aproximação com a terceira idade não é algo restrito ao universo dos artistas e aparece como uma consequência natural do aumento da expectativa de vida e a perspectiva de uma vida mais longeva. “Há uma readequação favorável da linha do tempo, e isso tem despertado nas pessoas em torno dos 50 anos de saber se reconhecer de uma forma bacana e também ser reconhecido por isso”, afirma Fernando Piccinini Jr.

Viver mais é resultado de um processo, uma combinação de fatores:

- O avanço da medicina no tratamento de doenças severas.
- A expectativa de vida do brasileiro nascido em 2010 chegou aos 73,4 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

- O próprio cenário socioeconômico também exerce grande influência, especialmente no campo profissional. No Brasil, a falta de mão de obra qualificada e a maior demora dos jovens em entrar no mercado de trabalho ajudam a valorizar a experiência dos mais velhos. Já nos Estados Unidos, de acordo com pesquisa encomendada pelo banco Wells Fargo, o impacto da recessão e a consequente queda no poder de compra faz com que 30% dos americanos planejem trabalhar até quando tiverem 80 anos – ou mais.

“Cria-se, assim, um espaço adicional na linha do tempo da vida para um novo conceito, o da 4ª idade, que seriam aquelas pessoas com mais de 80 anos, mas ainda produtivas, criativas e com muita lenha para queimar”, diz Piccinini, citando como exemplo a atriz Fernanda Montenegro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o apresentador e empresário Sílvio Santos. “Os 50 anos são, de certa forma, os novos 30.
 
Fonte: Dra. Suzana Herculano-Houzel - neurocientista

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