segunda-feira, 15 de abril de 2013

ZUMBIDO NO OUVIDO

Uso inadequado de aparelhos sonoros, estresse e consumo excessivo de doces e cafeína são algumas razões. Além de atingir os mais jovens, o problema também cresceu em todas as faixas etárias e, em menos de 30 anos, poderá prejudicar 42% da população
 
O zumbido no ouvido, considerado até pouco tempo atrás um problema de pessoas de meia idade ou de idosos, tem se tornado comum entre os jovens, alertam especialistas. Entre as causas apontadas estão o uso crescente e inadequado de aparelhos sonoros, estresse e erros alimentares, como consumo excessivo de doces e cafeína. Há quem aponte o celular como culpado.
 
Pesquisas recentes têm mostrado que a incidência do zumbido - barulho constante, que pode parecer um apito, um canto de cigarra ou um chiado de TV fora do ar - tem crescido na população como um todo.
 
Pesquisa feita há 15 anos pelo National Institutes of Health, dos EUA, indicava que 15% da população sofria com o problema. Novo levantamento feito no ano passado apontou índice de 24%.
 
"Se o problema continuar a crescer nessa proporção, em menos de 30 anos poderá alcançar 42%. Isso representa quase metade da população", alerta a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez. Ela coordenou um levantamento com 840 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas de São Paulo, entre 2005 e 2007, que mostra um aumento de 20% por ano na incidência de zumbido entre pessoas com menos de 25 anos. Para Tanit, a poluição sonora é a principal explicação para esse crescimento.
 
Por falta de informação, diz, muitas pessoas acreditam que a única solução é aprender a conviver com o zumbido. Até mesmo entre os médicos é comum esse discurso. "Em muitos casos é possível curar o problema e, mesmo quando não for, é possível minimizar o desconforto. Mas faltam médicos especializados."
 
O primeiro passo para combater o zumbido é identificar a causa - e elas podem ser muitas. A mais frequente é a degeneração das células auditivas causada pelo processo natural de envelhecimento. Em segundo lugar vem a poluição sonora, que, com o tempo, acaba lesando as células do ouvido. Há, porém, fatores que a maioria das pessoas desconhece que podem ter ligação com o problema auditivo, como colesterol elevado, diabete, hipotireoidismo, estresse e maus hábitos alimentares.
 
"O ouvido interno é um espelho da nossa saúde. Como as células auditivas são muito sensíveis, são facilmente danificadas por problemas metabólicos ou vasculares", explica Rita de Cássia Guimarães, responsável pelo ambulatório de zumbido do hospital de clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A boa notícia, diz ela, é que, se o paciente corrigir a alimentação e regularizar os níveis de glicose e gordura no sangue, o sintoma costuma diminuir.
 
O uso frequente de celular como causa de zumbido ainda é polêmico. "Há pessoas mais sensíveis à radiação eletromagnética e alguns estudos associam uso de celular à perda auditiva. Mas pessoas que usam muito o celular normalmente são mais estressadas. É difícil separar as causas", diz Tanit. Em todo caso, a especialista recomenda que se use o viva voz ou alterne o lado de uso do aparelho.
 
CAUSAS MÚLTIPLAS
 
Otológicas
Lesão nas células auditivas causadas por envelhecimento, ruído, infecções e tumores.
Metabólicas
Diabete, alteração no colesterol ou nos hormônios tireoidianos.
Cardiovasculares
Anemia, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca.
Neurológicas
Esclerose múltipla, traumatismo de crânio e sequelas de infecções como meningite.
Farmacológicas
Existem pelo menos 70 medicamentos que podem causar zumbido, entre eles a aspirina e certos antibióticos.
Odontológicas
Disfunção da articulação mandibular (ATM).
Erros alimentares
Jejuns prolongados matam as células auditivas de fome, excesso de cafeína, álcool, fumo, sal, açúcar e gorduras.
Psicológicas
Estresse, ansiedade e depressão.
 
 

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