quarta-feira, 1 de maio de 2013

O INSUSTENTÁVEL DRAMA DOS TRINTA

No último ano envelheci. Ok, eu sei que é natural isso acontecer, envelhecemos todos os dias, mas o que quero dizer em concreto é que nos últimos anos, face a várias adversidades com que me deparei, envelheci bastante e isso é visível no meu rosto e no meu corpo. Eu pelo menos noto e não gosto e sempre que me vejo em fotografias e afins, tenho vontade de fugir a sete pés.
 
 
 
 
Não é que me importe de ficar mais velha, mas chateia-me à brava ter 34 anos e achar que pareço mais velha do que sou na realidade. Quando era mais nova achava muita piada as pessoas darem-me mais idade e o ter 14 mas aparentar 18 era algo bom, que aspirávamos "a", o mesmo acontecia na casa dos vintes. Ora, aos trinta isso já não tem tanta graça e a juventude e frescura de outrora some-se num ápice e sem pré-aviso. 
 
 
O tempo volta para trás  

Acordar com umas olheiras como nunca tive e que só consigo disfarçar à base de corretor não é giro! Fazer papada debaixo do queixo, ou ter pequenas "almofadinhas de carne" a saírem-me do sutiã e junto às axilas, não é giro. Ter o traseiro a aumentar e a pele a perder firmeza, não é giro. Passar a vida a lutar contra a balança - quando nunca me importei com isso - e a pensar duas vezes no que devo ou não comer, não é giro. Ter celulite, estrias, derrames e tudo o que nos manche a pele, não é giro. Ter os primeiros cabelos brancos a aparecer no meio do nada, não é giro...Podia continuar a desfiar o rol de mazelas, mas vou-me abster de contabilizar desgraças. Por mais que me digam ou leia nas revistas desta vida "Ah e tal, aos 30 estamos mais seguras e sabemos aquilo que queremos e estamos no nosso auge", soa-me sempre a conversa delicodoce, a frases bonitas que servem para nos consolar quando a lei da gravidade trabalha contra nós a todo o vapor. Sim, podemos estar no nosso auge porque entretanto adquirimos experiência de vida e crescemos, refinámos gostos e já não vamos em modas e cantigas que não passam de tendência, mas isto de a idade nos trair e deixar mazelas físicas não tem gracinha nenhuma. É que fintar a idade cronológica requer investimento, tempo, força de vontade e dedicação, coisa que eu confesso não ter. (Outro problema que me chegou com a idade, a falta de paciência para coisas que não tenho paciência...) Deem-me os meus "vintes" de volta - com toda a sua frescura, inconstância, sonhos, leveza (e firmeza) - que eu não me importo nadinha. Trocava na hora. (Mas levava a minha filha comigo.) 
 
 
Só sei que nada sei

Não vou parecer hipócrita e dar uma de "mimimi" porque sei e reconheço, que os trintas também estão cheios de coisas boas. Porque com esta idade já conquistámos muitas coisas e abdicámos de tantas outras, mas que ainda vamos a tempo de realizar sonhos, mesmo que eles nos pareçam cada vez mais distantes. Mesmo quando nos dizem que não é esse o caminho, aos trinta a única voz que deve ser escutada é a nossa e a da nossa consciência. 
 
Que a vida é feita de recomeços, basta querermos. E ter fé e gratidão, para saber apreciar todas as coisas boas que ela nos traz. 
 
E nunca perder o sorriso, porque enquanto ainda tivermos a capacidade de nos emocionarmos, é porque ainda não perdemos aquilo que nos define. (Mesmo quando o corpo - ou a vida - nos traem.)
É esta a certeza que levo dos trintas.

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