É muito comum quem sofre de hemorroidas sentir um certo constrangimento em falar do assunto e, pior, sentir vergonha de passar por uma consulta médica. Mas o fato é que existem muitas dúvidas sobre o assunto e, para saná-las, é preciso romper a barreira do preconceito, já que a doença é uma das patologias de maior incidência na área da Coloproctologia.
Mas afinal, o que é hemorroida? Trata-se do inchaço, dilatação ou inflamação de veias localizadas no reto ou no ânus. As lesões podem ser tanto internas – localizadas no ânus ou no início do reto –, quanto externas – quando saem do ânus.
Estima-se que cerca de 50% dos pacientes acima dos 40 anos sofrem ou sofrerão um dia com algum dos sintomas da doença.
Intensidade das lesões
De acordo com a intensidade do problema, podemos dividir as hemorroidas internas em até 4 graus. São eles:
- 1º Grau: tem sangramento, mas não tem prolapso;
- 2º Grau: sangra e tem prolapso que regride espontaneamente;
- 3º Grau: sangra e tem prolapso que necessita de manobras digitais para retornar ao interior do canal anal;
- 4º Grau: sangra e ficam sempre exteriorizadas (não retornam ao interior do canal anal).
As hemorroidas costumam ser muito comuns durante a gestação e no pós-parto, pois são resultado do aumento da pressão nas veias do ânus. Esta pressão faz ainda com que as veias inchem, causando dores e incômodo.
A disfunção resulta principalmente do esforço excessivo feito na hora de evacuar. Porém, fatores como infecções anais e diarreia crônica podem potencializar as chances de desenvolver o problema. Pessoas que permanecem sentadas por longos períodos também são mais propensas a sofrerem com hemorroidas.
Tratamento
O tratamento pode ser feito de forma local, com pomadas e medicamentos orais em casos menos severos. A depender da gravidade, um procedimento cirúrgico para retirada das veias doentes pode ser necessário.
A boa notícia é que nas últimas duas décadas, vimos surgir procedimentos pouco invasivos. O principal destaque é o sistema THD (Transanal Hemorrhoidal Dearterialization). O procedimento é simples e de fácil execução, realizado por meio do canal anal, com leve dilatação.
No procedimento, pode-se identificar por meio do Doppler os ramos arteriais e fazer a ligadura que leva à redução do fluxo nas artérias. Em seguida, faz-se a elevação e fixação da hemorroida no interior do ânus.
A técnica é o procedimento menos invasivo já desenvolvido e pode ser realizada com sedação associada à analgesia, permitindo que o paciente tenha alta no mesmo dia. O THD é indicado para os graus 2, 3 e 4.
Recomendações
Algumas recomendações ajudam a evitar o problema, como:
- Evitar papel higiênico áspero para não irritar a região;
- Adotar uma dieta à base de alimentos ricos em fibras e frutas frescas;
- Aumentar a ingestão de líquidos.
Por ser uma questão considerada constrangedora, muitos optam equivocadamente por seguir dicas populares e deixam de consultar um especialista. Esta atitude deve sempre ser evitada, pois o diagnóstico deve sempre ser feito por um especialista da área.
Fonte: Dr. Carlos Sobrado, coloproctologista do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho.
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