quarta-feira, 19 de março de 2014

COMPORTAMENTO - Otimismo faz bem à saúde, ao amor e ao trabalho

Descobrimos que ser optimista é “uma questão de sobrevivência”: os otimistas fazem mais amor – por isso geram e criam filhos otimistas – e têm uma atitude proativa na busca do seu bem-estar. 

ARREGACE AS MANGAS E SEJA PROATIVA

Os otimistas fazem com que as coisas aconteçam, revertem as circunstâncias a seu favor. “Sabe porque é que os estudos clínicos provam que eles têm mais possibilidades de cura? Porque tomam os remédios e seguem à risca a medicação! Um pessimista acha que nada irá fazer efeito”.



RIA PARA EXORCIZAR A TRISTEZA

Fazer humor em momentos de desconforto e rir até na adversidade são modos de exorcizar a tristeza, o sofrimento. Também há razões biológicas para procurarmos a boa disposição: o riso desperta a produção de serotonina, que, para além de proporcionar bem-estar físico, baixa os níveis de cortisol, a hormona do estresse. Afinal, parece que o velho ditado português ‘Muito riso, pouco siso’ pouco tem de verdade.

RESPEITE-SE! ABAIXO O COMPLEXO DE CULPA

A culpa é um dos maiores mecanismos de controlo social, mas também um dos sentimentos que mais envenenam a felicidade. O psiquiatra chama-lhe a ‘tirania do deveria’: um conjunto de pensamentos negativos que minam a nossa autoconfiança. “Isto acontece quando a pessoa pensa que é absolutamente obrigada a ser, sentir ou comportar-se de maneira utópica, incompatível com a sua personalidade, com a situação ou simplesmente impossível de realizar para qualquer ser humano. Expectativas irracionais e inatingíveis costumam alimentar sentimentos de fracasso, de culpa, de desmoralização e até de ódio em relação a si mesmo.” É o que acontece a uma vítima de violência doméstica que acha que é sua a culpa do comportamento violento do parceiro/a ou a uma mãe que se acha incompetente porque o seu filho adoeceu.

TENHA OBJETIVOS E EXPECTATIVAS POSITIVAS

Os otimistas são pessoas que esperam que as coisas lhes corram bem mas que também se predispõem a isso. O psiquiatra salienta ainda a importância de perseguirmos objetivos alcançáveis e não quimeras impossíveis. 

A esperança na felicidade futura é mais importante do que a sorte que se tem na vida presente, revela o escritor e filósofo espanhol José Marías. “Quando dizemos que somos felizes, o que sentimos é que iremos ser felizes amanhã. São estas expectativas que nos fazem saltar de manhã com vontade, porque sabemos que nesse dia iremos conseguir realizar um objectivo. Ajudam-nos a sentir seguros e confiantes no nosso ir e vir.”

CULTIVE A SUA ESPIRITUALIDADE

Quem pratica alguma forma de religião aumenta a sua saúde física e mental – sofre menos de ansiedade e hipertensão, provam  alguns estudos sobre esta matéria. Aprende-se a dar um sentido a um mundo que parece desprovido dele, a ver a vida como um todo, a dar importância ao que realmente é prioritário. 

A escritora inglesa Kate Armstrong diz no livro ‘Uma História de Deus’ que é muito mais importante que uma ideia sobre Deus funcione e cumpra o seu objectivo do que seja lógica ou racional. Rojas Marcos acrescenta que “muita gente constrói a sua própria espiritualidade, sem deuses nem anseios de eternidade.” Também já ficou provado o poder da oração na cura de doentes por quem a ciência nada mais pode fazer.

AME PERDIDAMENTE E DEIXE-SE AMAR

As pessoas que têm um parceiro, família ou grupo íntimo de amizades sentem um nível de satisfação muito maior do que os que vivem sozinhos, como revelam centenas de investigações. A paixão leva o cérebro a produzir substâncias, como a dopamina, que proporcionam sentimentos de euforia, felicidade e bem-estar. Os casais com sorte, diz Rojas Marcos, passam à fase seguinte, mas o que começa a faltar em turbilhão de emoções e hormonas é compensado por vínculos fortes de carinho, lealdade, interesses em comum e amizade. “As relações estáveis de carinho não só constituem uma fonte de satisfação na vida como são um antídoto muito eficaz contra os efeitos nocivos de todo o tipo de desgraças”, escreve Rojas. 

Um estudo da Universidade de Cornell, nos EUA, citado pelo autor, descreve como as pessoas optimistas se sentiam mais à vontade com afirmações como ‘Geralmente é-me fácil aproximar dos outros e sinto-me bem dependendo deles’ ou ‘Não me incomodo quando outras pessoas se aproximam de mim e dependem de mim’. Quanto mais pessimista é a pessoa, mais procura esquivar-se a relações íntimas.

PONHA AS COISAS EM PERSPECTIVA

As pessoas mais felizes são capazes de se lembrar primeiro das experiências mais felizes, dos êxitos e das relações que as enriqueceram e de as porem à frente das memórias negativas. 

Charles Thompson, psicólogo da Universidade do Kansas, pediu a pessoas que mantinham diários pessoais há mais de 15 anos para os consultar. Depois pediu-lhes que recordassem os acontecimentos mais importantes desse período. A maioria minimizava o impacto dos fracassos. É por isso que, perante uma adversidade, um optimista dirá quase sempre “podia ser pior” ou que essas lutas o prepararam melhor. Pelo contrário, um pessimista confrontado com um golpe de sorte desconfiará ao ponto de dizer que “não há almoços grátis”.

DÊ MAIS IMPORTÂNCIA AOS PEQUENOS PRAZERES

São os pequenos prazeres quotidianos que ajudam a melhorar o  estado de espírito. É o que revela um inquérito da revista ‘Time’ e um estudo recente do psicólogo e economista Daniel Kahneman.  Neste ‘campeonato’ estão as conversas com amigos e família, brincar com o animal de estimação, ouvir música, rezar ou meditar, tomar um banho relaxante, ajudar os outros, fazer exercício, comer, passear de carro e… fazer sexo. Para uma mãe de família, basta ter algum tempo só para ela, a assistir ao seu programa de televisão preferido. “Factos simples, como encontrarmos inesperadamente uma moeda no depósito de troco de um telefone público, ver uns minutos de um filme cômico, receber um ramo de rosas ou damo-nos conta de que executamos bem uma tarefa, são suficientes para aumentar o nosso nível de optimismo”, diz o psiquiatra. Os momentos de alegria moderada beneficiam a memória, a resolução criativa de situações, a tomada de decisões, a aprendizagem, a motivação e os nossos relacionamentos. Aprender a apreciar as pequenas alegrias faz-nos perceber que, afinal, a vida pode ser uma experiência gratificante... e positiva.


Fonte: Dr. Luís Rojas Marcos, psiquiatra espanhol radicado nos EUA

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