Por que rejeitamos determinados alimentos
As razões biológicas que levam certas pessoas a rejeitarem certos alimentos têm sido amplamente estudadas, mas as razões sociais são menos claras.
"É difícil saber por que superamos aversões a determinados alimentos, mas é claro que muitas pessoas passam a ser menos exigentes à medida que ficam mais velhas", diz Paul Chappell, do Departamento de Sociologia da Universidade de York, na Grã-Bretanha.
"Querer seguir somente a própria vontade está associado à infância: nós esperamos que as crianças rejeitem uma grande quantidade de alimentos."
"O caso não é o mesmo para os adultos. Ser exigente não é socialmente aceitável, e recusar determinados alimentos por não gostar, pode causar situações constrangedoras."
Genes e evolução
As razões pelas quais as pessoas preferem determinados alimentos são mais
claras.
Os cientistas têm investigado as diferenças genéticas, e têm agrupado as
pessoas em três diferentes grupos: os "degustadores", os "super degustadores" e
os "degustadores regulares".
Os super degustadores tendem a ter uma maior correlação com os genes que
codificam os receptores das papilas gustativas, que são responsáveis por
identificar os componentes amargos.
E assim, eles têm uma forte aversão a alimentos amargos, como couve de
Bruxelas e brócolis.
O cheiro também influencia muito.
"O queijo, por exemplo, quando envelhece, ou quando colocamos algum fungo
para fazê-lo maturar, degradam os aminoácidos das proteínas do leite e o mal
cheiro ocorre", disse David Jackson.
Do ponto de vista da evolução, há razões para esta reação a alimentos amargos
e que contêm enxofre.
"Os caçadores dependiam do olfato. O cheiro de enxofre indicava a presença de
bactérias nos alimentos. Comê-los poderia deixá-los doente", explica
Jackson.
Da mesma forma, a evolução pode explicar a aversão inata ao gosto amargo.
Algumas plantas não comestíveis são amargas, e por isso aqueles que conseguem
fazer essa associação têm mais chance de sobreviver.
Como superar as aversões
"Ser voluntarioso está associado à infância, nós
esperamos que as crianças rejeitem uma grande quantidade de alimentos."
Paul Chappel, Universidade de
York - Muitos conseguem facilmente superar essas aversões. Mas e aqueles que não
conseguem?
As motivações para superá-las variam. Podem ser pressões sociais, desejo de
parecer sofisticado, ou necessidade por hábitos mais saudáveis.
Em todos os casos, a melhor maneira de superar essas aversões é comer mais
desses alimentos. Quanto mais você come, mais você vai gostar e a rejeição
diminuirá.
Ao beber cerveja ou vinho pela primeira vez, muitas vezes, a reação é "isso
não é gostoso, é muito amargo", diz Jackson.
"Mas se você continuar tentando por um tempo, essa aversão é superada e
torna-se uma experiência agradável."
Acabar com a pressão
As crianças, mais do que os adultos, têm uma cautela natural em relação aos
alimentos.
Para Emma Uprichard, da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, os pais
devem parar de pressionar seus filhos a comer alimentos mais saudáveis.
Segundo ela, "muitos adultos têm memórias de alimentos que odiavam quando
eram crianças e isso não deixou nenhum trauma quando cresceram.”
"Uma das perguntas que fazemos é se talvez não deveríamos relaxar um pouco em
relação aos hábitos alimentares dos filhos, por ser um desgaste emocional para
os pais forçá-los a comer o que é considerado mais adequado."
"Isso ajudaria um pouco, já que os pais não se sentiriam tão culpados o tempo
todo."
Fonte: BBC Brasil
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