Na rua ou em casa, eles podem estar infectados de bactérias nocivas à saúde. Veja como se proteger.
Quem nunca teve um mal-estar, acompanhado de dor de barriga e vômitos depois
de comer alguma coisa na rua?
O perigo que pode estar no carrinho de cachorro-quente e no restaurante
próximo ao trabalho também pode ser encontrado na geladeira de casa. Por isso,
guardar
os alimentos corretamente é importante para manter a comida longe das
bactérias.
“Todos os alimentos são de riscos se preparados sem higiene e/ou mantidos sem
refrigeração ou aquecimento adequado”, alerta Maria Bernadete de Paula Eduardo,
diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Centro de
Vigilância Epidemiológica/SES-SP. Cuidados com a higiene
e o armazenamento da água também ajudam a evitar problemas de saúde.
Na rua
Alguns alimentos exigem cuidado dobrado antes de serem colocados no prato,
ainda mais quando não se conhece a sua procedência. Confira os cinco alimentos
mais relacionados a riscos de contaminação nas ruas:
Ovo
Pode abrigar a bactéria Salmonella, que causa diarreia, febre e vômitos, e
até óbito em crianças, gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado.
“O maior risco é ingerir mal cozido (com a gema mole) ou cru (usado em alguns
preparos como a maionese)”, alerta a nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora
do Serviço de Nutrição do Hospital Bandeirantes, de São Paulo.
Segundo o biomédico Roberto Figueiredo, um em cada 200 ovos
em uma granja pode conter a Salmonella. A dica é optar pelo produto
pasteurizado. “O processo de pasteurização elimina a bactéria”, diz o
especialista. Acontece que na rua nem sempre é possível confiar na procedência
do alimento.
“Se o ovo estiver contaminado, a alta temperatura do cozimento será capaz de
eliminar o microorganismo”, completa a nutricionista Jaqueline Bernardini, da
Clínica Medicina Integrada, de São Paulo.
Folhas
Larvas e bactérias podem estar escondidas entre as folhas verdinhas expostas
nas travessas dos restaurantes a quilo. “Só lavar com água não basta. É preciso
realizar uma desinfecção química para eliminar os microorganismos”, explica a
nutricionista Patrícia Ramos. Isso significa que antes de serem oferecidas ao
consumo, as verduras devem ficar mergulhadas por pelo menos 15 minutos em uma
mistura de água e água sanitária (hipoclorito de sódio) – para cada litro de
água, uma colher de sopa de água sanitária de boa procedência e não
odorizada.
Não é o caso de eliminar a salada do prato, claro. “Mas fique atento à
higiene do local e às condições de preparo e armazenamento dos alimentos”,
reforça Maria Bernadete de Paula Eduardo, do CVE.
Carnes
Espetinhos, churrasquinhos, sanduíches de carne assada podem conter a
bactéria Clostridium perfringens, causadora de cólicas e diarreia. Esse
microorganismo é resistente muitas vezes até ao cozimento. “A carne deve ser
armazenada sempre em temperatura inferior a cinco graus. Na hora de consumir,
opte pela preparada na hora e bem passada, sendo mantida acima de 60 graus”.
Cachorro-quente
O problema principal está na salsicha, que pode conter a bactéria Listeria
monocytogenes. Após sua ingestão, costumam aparecer diarreia e fortes cólicas
abdominais, por 24 horas. Não é indicado consumir a salsicha que esteja fora de
refrigeração, crua ou aquela mergulhada há horas na panela do carrinho de
cachorro-quente, a não ser que a água emane vapores, isto é, esteja acima de 60
graus.
“Ela deve ser cozida na hora e por cinco minutos após levantar fervura”. Cuidado ainda com o purê que acompanha o sanduíche: por
ser preparado com leite e muitas vezes ficar exposto inadequadamente – o que
também pode causar problemas.
Maionese
Para passar a ideia de saborosa e sem aditivos químicos, muitos comerciantes
oferecem a “maionese caseira”. Além do risco da contaminação pelo uso de ovos
crus no preparo, a falta de higiene da embalagem (bisnagas) e a refrigeração
inadequada transformam o alimento em uma bomba de contaminação.
“Nunca coma maionese feita com ovos crus ou em embalagens que ficam fora da
geladeira. Prefira os sachês industrializados para maionese, mostarda e
catchup”, diz Maria Bernadete.
Em casa
Nem a segurança do lar está imune aos microorganismos. Aliás, pesquisas
apontam que a maior parte dos casos de contaminação acontece dentro de casa.
Conheça os top 5 da contaminação residencial.
Sobras do almoço
Aquele arroz com feijão que sobrou do almoço podem ficar para o jantar e até
para o dia seguinte. Desde que manipulados de maneira adequada. “Tire das
panelas, acondicione-os em outro recipiente e leve-os à geladeira”, ensina
Jaqueline Bernardini.
“Pode guardá-los até mesmo quentes. Isso não estraga a geladeira, nem a
comida”. Mas até que esfriem, mantenha o recipiente aberto.
“Aquelas gotículas de água que se formam na tampa (umidade) podem facilitar a
proliferação de bactérias”, completa a nutricionista.
A geladeira doméstica geralmente trabalha a 10 graus: nessa temperatura é
capaz de conservar a comida por 24 horas. Se estiver a cinco graus, o prazo se
estende até três dias. Agora, se a sobra foi grande e não será consumida
rapidamente, melhor congelar.
Frios
Retire-os da embalagem original e coloque-os em recipientes com tampas. Na
hora de se servir de uma fatia, utilize um garfo, evitando manipular o alimento
com as mãos. “Consuma-os em até dois dias”, sugere a nutricionista da Clínica
Medicina Integrada. Ranço e gosma na superfície dos frios significam
microorganismos em ação – e problemas de contaminação na certa se forem
ingeridos.
Bolo de aniversário
Geralmente recheados e preparados com leite e ovos, eles costumam ficar
expostos, enfeitando a mesa do aniversariante.
“Esse tipo de alimento não pode ficar mais de duas horas em temperatura
ambiente, sob o risco de favorecer a proliferação de bactérias e toxinas”.
Mas o risco maior está na hora de apagar as velinhas. “O aniversariante
assopra e espalha gotículas de saliva cheias de Staphylococus aureus, que podem
produzir toxinas que provocam intoxicações com náuseas e vômitos.
Palmito
Ao comprar o produto verifique as informações da embalagem: o rótulo deve
conter a data de validade, o número do lote e os dados do fabricante. Um
alimento de má procedência pode conter a toxina botulínica, bactéria
transmissora do botulismo, doença que pode levar à morte.
”Palmito em conserva só deve ser adquirido de marca e estabelecimentos
confiáveis. Por ser um vegetal mole, ele não resiste a altas temperaturas e para
que não venha desenvolver a toxina botulínica deve ser preparado industrialmente
com quantidades de ácido e sal adequadas. As conservas clandestinas, caseiras ou
adquiridas em beira de estrada são de extremo risco”, avisa Maria Bernadete, do
CVE. E antes de consumi-lo em casa, a recomendação é fervê-lo durante 10
minutos.
Enlatados
O cuidado aqui é com a embalagem. “As latas têm um verniz interno, que
preserva seu conteúdo. Pequenas batidas podem romper essa proteção e comprometer
o alimento”, diz a nutricionista Patrícia Ramos. É importante também
higienizá-las (lavar com água e detergente) antes de abri-las.
“Ao abrir, verifique se não contém bolhas, como se estivesse fermentado.
Drene a água e consuma ou prepare imediatamente. Se não for utilizar todo
conteúdo da lata, retire da embalagem, coloque em outro recipiente com tampa,
marque a data e consuma em até três dias”.
Fontes: Maria Bernadete de Paula Eduardo, diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Centro de Vigilância Epidemiológica/SES-SP, Jaqueline Bernardini e Patricia Ramos - nutricionistas e Roberto Figueiredo - biomédico.
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