Excesso de pressão sonora (ruído), movimentos repetitivos, má postura e contato com produtos químicos são alguns dos fatores que podem desencadear doenças relacionadas ao trabalho, que trazem prejuízos para o empregado, o empregador, o governo e a sociedade.
Uma das mais comuns, segundo dr. Alexandre Bernardi, médico do trabalho do Hospital Samaritano, é a perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados (PAINPSE), que atinge geralmente trabalhadores da indústria metalúrgica e da construção civil e motoristas de veículos com mais de 3 toneladas (ônibus e caminhões), entre outros . “Alguns produtos químicos e a vibração de veículos e máquinas também podem provocar perda auditiva ocupacional”, observa dr. Bernardi.
A prevenção da PAINPSE deve ser feita com equipamentos de proteção coletiva (EPCs), utilizados no ambiente de trabalho com o objetivo de diminuir o número de pessoas expostas ao ruído – enclausuramento, manutenção e lubrificação de máquinas, por exemplo. Além disso, há os equipamentos de proteção individual (EPIs), mais indicados para funcionários de metalúrgicas e da construção civil (obrigatórios e indispensáveis nesses casos) – motoristas não devem usar protetores auriculares.
Outras doenças do trabalho de grande incidência são as LER/DORT, ou seja, lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Os mais atingidos são os trabalhadores de linha de produção de empresas que realizam movimentos repetitivos (setores de montagem, embalagem, alimentar, eletroeletrônico) e os digitadores. “Nos empregados que fazem transporte manual de cargas (ajudantes gerais e operários da construção civil) é comum encontrar desvios na coluna, hérnias de disco e tendinite nos ombros”, afirma dr. Bernardi.
Existe legislação específica sobre adequação do mobiliário e ferramentaria para o controle das LER/DORT. Outras medidas recomendáveis são pausas de 10 a 15 minutos por hora em atividades que englobam movimentos repetitivos, rodízio de atividades para a prevenção de tendinites, preocupação com a postura e tratamento precoce das dores.
“As atividades de limpeza, de maneira geral, não causam LER/DORT, porque envolvem esforços físicos diversificados; os movimentos repetitivos são alternados com outros e não duram mais do que 30 minutos continuamente”, esclarece o médico.
A PAINPSE e as LER/DORT são denominadas doenças do trabalho, uma vez que podem ser desencadeadas também em indivíduos que realizam outras funções, por outros motivos – não são exclusivas da profissão. Já as chamadas doenças profissionais só ocorrem em determinadas atividades. Alguns exemplos são a silicose no pulmão, que afeta apenas quem trabalha exposto a partículas de sílica presentes na areia, por exemplo, ou a asbestose, dos mineradores de asbesto (amianto, proibido em muitos países).
A silicose e a asbestose são pneumoconioses, doenças pulmonares provocadas por depósito de partículas na estrutura dos pulmões (poeiras, gases, vapores e névoas), também muito freqüentes em algumas áreas de atuação como mineração de carvão e galvanoplastia (tratamento de superfícies de metais). Seu controle exige a presença de exaustores no ambiente, ventilação adequada, uso de máscaras e enclausuramento dos processos. A asma ocupacional (broncoespasmo) é também muito comum, principalmente em atividades de polimento de peças.
Há ainda as dermatites ocupacionais – doenças de pele ou alergias atópicas –, cujas principais vítimas são os operários que trabalham com cimento, trabalhadores da área da saúde e de limpeza. A prevenção se faz com o uso de luvas antialérgicas se for necessário e com cremes protetores a base de silicone.
Fonte: Dr. Alexandre Bernardi, médico do trabalho do Hospital Samaritano-SP
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