É fato científico que as vacinas trazem muito mais benefícios do que os possíveis efeitos adversos.
Mas um grupo de pessoas vem optando por não imunizar os filhos para doenças que deixaram de ser comuns, como o sarampo e a difteria.
As vacinas que costumeiramente são mais descartadas são a de sarampo, difteria, hepatite B e da gripe.
"Os riscos de a criança desenvolver uma complicação séria em função da vacina são muito menores do que os de ela contrair a doença" . Não há nem comparação. diz o pediatra americano Paul Offit, um dos maiores especialistas no assunto.
"Desde a década de 1970 os casos dessas doenças são muito baixos. Esses pais nunca tiveram de lidar, de temer essas doenças, então deixam de vacinar acreditando que o filho não corre riscos", diz Edécio Cunha Neto, diretor do Laboratório de Investigação Médica de Imunologia Clínica e Alergia da USP. Mas, se para muitos a redução drástica nos casos dessas doenças é motivo para burlar o calendário básico de vacinação, para outros, ela pode significar sérias complicações de saúde.
Vacinas causam autismo?
Não existe nenhuma evidência científica que comprove que qualquer vacina possa levar ao desenvolvimento do autismo. O alarde sobre o assunto teve início em 1998, quando o médico britânico Andrew Wakefield publicou um artigo no periódico The Lancet correlacionando a vacina tríplice viral com a doença. A tese foi desmascarada seis anos depois, pelo jornalista Brian Deer, como sendo uma fraude.
Por que é preciso vacinar contra doenças com baixa incidência?
Há dois motivos principais. O primeiro, e mais óbvio, é que, apesar de não serem mais muito vistas em países desenvolvidos e em desenvolvimento, doenças como sarampo, difteria, coqueluche e tuberculose ainda não foram extintas. Algumas dessas doenças são bastante frequentes em determinadas regiões – e podem viajar de um país a outro na carona de uma pessoa não imunizada. Isso significa que a criança ainda corre risco de se contaminar. A segunda razão é a chamada imunidade de rebanho. Quando mais de 95% da população está vacinada, aquelas crianças com doenças crônicas que não podem ser imunizadas também ficam protegidas. “Optar por não vacinar o filho é uma escolha que coloca em risco uma criança que já tem a saúde debilitada”, diz Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização.
Quais os reais riscos da vacina?
Nenhuma vacina é totalmente isenta de riscos. Há sempre um pequeno percentual, que varia para cada vacina, de efeitos adversos leves, medianos e sérios. Os casos de sequelas graves, no entanto, ocorrem em frequência baixíssima. “É muito maior o risco de contágio da doença, do que do efeito adverso. A diferença é da ordem de 10.000 vezes”, diz Edécio Cunha Neto, diretor do Laboratório de Investigação Médica de Imunologia Clínica e Alergia da USP.
A vacina pode ser substituída por bons hábitos de vida?
Não. Segundo José Cassio de Moraes, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, uma criança saudável está mais protegida contra agentes externos – e tem mais chances de se recuperar ou de não desenvolver a doença. Mas isso não significa que ela está protegida. Se compararmos, por exemplo, uma criança desnutrida mas vacinada, com outra que está com saúde em estado perfeito mas não foi vacinada, a desnutrida estará mais protegida.
Tomar mais de uma vacina ao mesmo tempo sobrecarrega o sistema imunológico?
De acordo com Paul Offit, pediatra americano especializado em vacinas e doenças infecciosas e professor da Universidade da Filadélfia, o sistema imunológico da criança consegue lidar com a quantia de organismos injetados durante o calendário de vacinação. “Quando uma vacina é incluída no calendário de vacinação, uma série de estudos é feita para garantir que ela não trará prejuízos à saúde da criança.” Segundo o especialista, há centenas de estudos que atestam que as vacinas podem ser dadas juntas e de maneira segura.
Crianças gripadas podem ser vacinadas?
Um quadro gripal leve ou um resfriado não são impedimento para a imunização. A vacina não é recomendada, no entanto, para crianças com febre grave. Nesses casos, pode haver prejuízo na resposta imunológica, além de riscos de eventos adversos ou mesmo o agravamento da própria doença – que pode vir a ser confundida como uma complicação da vacina.
Fonte: Edécio Cunha Neto, diretor do Laboratório de Investigação Médica de Imunologia Clínica e Alergia da USP
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