Crianças com dificuldade de aprendizagem na escola podem ser vistas por pais e professores como desinteressadas e desleixadas. Mas as notas vermelhas talvez sejam sinal de dislexia. Distúrbio que afeta a capacidade de ler e escrever.
A condição afeta cerca de 5% da população brasileira, segundo o Instituto ABCD, organização social voltada a jovens com dislexia e outros problemas de aprendizagem.
Não há cura para a dislexia, que se manisfesta por herança genética e não se relaciona com distúrbios psicológicos. O tratamento, feito com fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos, costuma garantir uma vida normal aos portadores do transtorno. "A leitura e a escrita vão exigir esforço constante, mas a criança pode seguir sua vida escolar sem problemas", afirma Carolina Piza, pesquisadora e neuropsicóloga do Núcleo de Atendimento Infantil Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "O desenvolvimento intelectual e a capacidade de comunicação não são afetados."
A neuropsicóloga explica que o diagnóstico de uma criança disléxica pode ser feito apenas a partir da alfabetização, quando um professor percebe que a evolução do aluno está aquém da esperada. Mesmo assim, é necessário que a criança seja submetida à análise de professores, psicólogos e fonoaudiólogos para diferenciar se ela tem dificuldades pontuais ou é disléxica.
Conheça os 7 sinais da Dislexia:
Leitura lenta e pouco fluente - Crianças com dislexia costumam demorar mais para ler do que
aquelas sem o distúrbio. Isso porque elas têm dificuldade em identificar
palavras e associá-las a seus sentidos. Sua leitura em voz alta costuma ser
menos fluente do que a das outras crianças da mesma idade escolar.
Erros ortográficos - A dislexia prejudica a consciência fonográfica, isto é, a habilidade de discriminar sons parecidos. Por isso, letras com pronúncias semelhantes, como V e F ou B e D, costumam ser trocadas na escrita, ocasionando erros ortográficos. Crianças disléxicas também têm dificuldade de memorizar regras de ortografia e até de juntar duas letras para formar uma sílaba simples.
Demora na construção de frases - Pela dificuldade de formar Pela dificuldade de formar palavras e
atribuir significados a elas, os portadores do distúrbio costumam apresentar
lentidão para construir frases. Muitas vezes, as sentenças têm sentido, mas são
gramaticalmente incorretas, como "eu era com sono".
Dificuldade em seguir ordens longas - A
memória operacional é conhecida popularmente como memória de curto prazo. É ela
que acessamos ao anotar um número de telefone antes de esquecê-lo ou ao
realizar operações matemáticas. A dislexia afeta essa memória. Por isso, ordens
longas – como abrir um determinado livro em uma determinada página e fazer um
determinado exercício – são um desafio para os disléxicos.
Escrita espelhada - Escrever palavras de trás para a frente, como se o texto tivesse sido colocado diante de um espelho, pode ser um sinal do distúrbio. A escrita espelhada decorre da dificuldade na formação de palavras e no aprendizado do alfabeto, presente nos disléxicos em idade escolar.
Falta de concentração - Disléxicos podem ter problemas de se
concentrar em atividades que exijam atenção, como quebra-cabeças e jogos dos
sete erros. O déficit de atenção se manifesta também na escola, durante as
aulas.
Dificuldade com noções de tempo e espaço - Crianças disléxicas demoram mais do que as outras para adquirir noções temporais e espaciais, assim como a dominância de lados e os conceitos de direita e esquerda. Elas podem confundir “ontem e hoje” ou “acima e abaixo”.
Fontes: Miguel Pires Jr., neuropediatra do Hospital São Luiz, e Carolina Toledo Piza, pesquisadora e neuropsicóloga do Núcleo de Atendimento Infantil Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
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