Impulso de retribuir sorriso é influenciado pelo status social do outro, diz
estudo americano.
Impulso de devolver, ou não, um sorriso de outra pessoa parece depender, em
parte, de quão poderosa uma pessoa se sente e também do status social da pessoa
que sorriu primeiro.
Indivíduos que se sentem poderosos reprimem seu impulso de imitar o
comportamento do outro e sorrir de volta se o outro possui status elevado. Já
aqueles que não se sentem poderosos tendem a devolver os sorrisos de todos,
independentemente do status social de quem sorriu.
Essas são as conclusões de um estudo feito por Evan Carr, pesquisador do
departamento de psicologia da University of California, em San Diego. O trabalho
de Carr foi apresentado no início da semana durante um encontro anual da Society
for Neuroscience em New Orleans, na Flórida, Estados Unidos.
Imitar o outro é um comportamento social que cumpre um papel importante no
aprendizado, na compreensão e na comunicação entre duas pessoas. Carr quis
examinar como o poder e o status influenciam a imitação de expressões
faciais.
"Já foi demonstrado que a imitação ajuda a construir relacionamentos", disse
Carr.
O trabalho do pesquisador revelou, em mais detalhes, como funciona esse
mecanismo: "Poder e status parecem afetar a forma como, inconscientemente,
usamos essa estratégia".
"Esses resultados mostram como as hierarquias sociais com frequência se
formam sem aparecer no radar - com rapidez, eficiência e sem que as pessoas deem
conta".
A equipe acredita que seu estudo traz contribuições importantes para
pesquisas sobre emoções, relacionamentos e hierarquias sociais.
Imitação Inconsciente
Os pesquisadores pediram aos 55 participantes do estudo que escrevessem
textos relatando acontecimentos agradáveis e desagradáveis de suas vidas. O
objetivo era induzir no autor do texto sentimentos de poder ou de falta de
poder.
(A equipe define o sentimento de poder como uma sensação subjetiva que um
indivíduo sente de que ele é capaz de controlar ou influenciar as ações de
outras pessoas.)
Depois de escrever os textos, os voluntários assistiram a vídeos alegres ou
tristes mostrando pessoas de status alto (por exemplo, um médico) ou baixo (por
exemplo, um funcionário de uma lanchonete).
Enquanto os participantes assistiam aos vídeos, a equipe mediu as respostas
de dois músculos em seus rostos: o zigomático maior - o músculo do sorriso - que
eleva os cantos da boca e o corrugador do supercílio - o músculo do cenho
franzido - que franze a testa.
As medições permitiram que a equipe avaliasse mudanças sutis nos músculos
faciais dos participantes, revelando que indivíduos que se sentiam poderosos
apresentaram pouco movimento no músculo do sorriso em resposta a vídeos felizes
mostrando pessoas de status alto.
Vídeos felizes mostrando pessoas de status baixo ativaram, com muito mais
frequência, os músculos do sorriso em participantes que se sentiam
poderosos.
O padrão mudou em relação a pessoas que se sentiam pouco poderosas. Nelas, o
músculo do sorriso ficou ativo em resposta a vídeos felizes mostrando pessoas de
vários status sociais - ou seja, pessoas que se sentiam pouco poderosas pareciam
inclinadas a sorrir para todos.
O comportamento do músculo responsável pelo cenho franzido foi o mesmo em
todos os participantes: o músculo apresentou maior atividade em resposta a
pessoas de status alto com cenho franzido e também ficou ativo, embora com menor
intensidade, em resposta a pessoas de status baixo com cenho franzido.
Para a equipe americana, os resultados sugerem que sentimentos subjetivos de
poder ou de ausência de poder - que podem ser observados em comportamentos não
verbais, como a imitação - podem ter grande impacto sobre a percepção das
emoções do outro.
Fonte: BBC Brasil
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