A temida depressão pós-parto não é exclusivamente feminina. Sim, ela pode atingir os homens também! Um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, publicado em 2010 no The Journal of American Medical Association, revelou que cerca de 10% dos homens sofrem depressão durante o período pré-natal ou logo após o nascimento do bebê. A pesquisa, que contou com 28 mil participantes, detectou que o problema é mais comum entre o terceiro e o sexto mês após a chegada da criança, período em que os sintomas são sentidos por 25% dos pais.
Ainda não há no Brasil nenhum dado oficial. Em termos conceituais, a depressão masculina acompanha as mesmas questões da feminina na gravidez e no pós-parto. Os sintomas incluem tristeza, perda de interesse, problemas de sono e perda de apetite. Casos mais sérios podem envolver irritabilidade e afastamento da família. "Se com relação à mulher temos uma dificuldade em caracterizar o problema porque há alterações física e hormonal, no homem fica mais difícil ainda", explica o chefe do serviço de psiquiatria do Hospital e Maternidade São Luiz, Ivan Morão Dias.
Uma semelhança com a depressão pós-parto paterna é a Síndrome de Couvade. Ela não é uma doença, mas um conjunto de sintomas que podem aparecer nos homens durante a gestação. Dessa forma, o futuro pai se exprime psicologicamente ao assumir a gravidez apresentando sensações semelhantes às da companheira grávida.
O que é essa depressão paterna?
Em termos conceituais, a depressão paterna acompanha as mesmas questões da depressão feminina na gravidez e no pós-parto. Os sintomas incluem tristeza, perda de interesse, problemas de sono e perda de apetite. Os casos mais profundos podem envolver também irritabilidade e afastamento da família.
Os principais sintomas
Cada homem reage de uma maneira peculiar. Há aqueles que ficam excessivamente participativos com os cuidados com o bebê ou mesmo antes do parto, alguns por medo do abandono e para ganhar atenção. Muitos competem com o filho nos cuidados, procurando chamar a atenção da mulher para si. Outros chegam a ganhar peso e sentem mal-estar junto com a companheira (na gravidez). Há parceiros, ainda, que percebem-se desvalorizados em casa e se isolam com tal 'desprezo'.
Os sinais de um possível quadro depressivo
Os sintomas são a desesperança, uma tristeza profunda, culpa, fadiga, morosidade, desinteresse pelas atividades diárias, entre uma série de outros fatores. 'Esses sintomas podem prejudicar não apenas o relacionamento do casal, mas também influenciar profissionalmente', avalia o psiquiatra Ivan Morão.
O homem falseia mais seus sentimentos
Para o Ivan Morão, o que diferencia a depressão no casal é a forma como cada um demonstra isso na relação. 'A mulher tende para maior sensibilidade e oscilação de humor, ou seja, mostra-se fragilizada. Já o homem resiste mais em se expor e falseia seus sentimentos, o que dificulta obter os dados estatísticos', explica.
Pré-natal é o momento de atualizar conflitos
A gravidez é o momento de atualizar alguns conflitos tanto do homem quanto da mulher. Por isso o pré-natal é um momento importante não apenas em relação à parte física da mulher - como o ganho de peso, as alterações endócrinas, o desenvolvimento do bebê –, mas também quanto à abordagem emocional do casal. Nesta etapa, conversar é fundamental!
Fique atenta aos sintomas depressivos dele
Além dos benefícios clínicos do pré-natal para a mãe e o bebê, essa fase é importante para a investigação psicológica do futuro pai. Com a ajuda do obstetra, a mulher deve ficar atenta aos sintomas depressivos e alterações de comportamento e, caso perceba mudanças de comportamento, é recomendável que ela passe segurança e o envolva ao máximo na rotina com o bebê.
'O nascimento do filho é uma época propícia para estes conflitos emergirem. Então, é preciso trazer à tona alguns conflitos, dificuldades afetivas e emocionais que não foram resolvidas e que ficaram de lado', recomenda o psiquiatra Ivan Morão.
Cuidados com o bebê
Os conflitos a ser atualizados não podem esbarrar na criança, uma vez que a tristeza paterna pode desestabilizar a mãe e trazer prejuízos ao bebê. O recém-nascido, alerta o psiquiatra Ivan Morão, é desprovido de recursos próprios e necessita de conforto e do apoio materno e paterno. Dessa maneira, a instabilidade dos pais pode gerar angústia e ansiedade que irão prejudicar os estímulos e, consequentemente, o desenvolvimento e comportamento da criança.
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