Relação entre madrasta e enteados envolve toda a família.
Nos contos de fadas, é comum retratarem as madrastas como mulheres cruéis e invejosas, que tomam o lugar da mãe e maltratam os enteados. Mas na vida real, essa relação pode ser bastante harmoniosa. Segundo a psicóloga, terapeuta comportamental e coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Universidade Federal de São Paulo, Denise Pará Diniz, o sucesso do relacionamento envolve todo o núcleo familiar: pais, tios, avós e quem mais tiver influência sobre a opinião da criança.
Os primeiros laços que o bebê constrói quando nasce são com a mãe. Com o tempo, seu círculo de relações se expande, passando a incluir o pai e outros membros da família. Na hora da separação, é preciso cautela. Seja a esposa do pai, o marido da mãe, ou até mesmo um irmãozinho, a entrada de uma nova pessoa na família representa uma mudança na vida dos pequenos. Por isso, o ideal é que esta apresentação seja feita com cuidado e paciência para que não haja problemas de convivência. De acordo com Denise, a introdução da madrasta na família exige primeiro um período de conversas e esclarecimentos, antes da apresentação.
Apresentá-la como a “nova mãe” pode não ser uma boa estratégia. Em vez de tratar como uma substituta, deve-se mostrar que a madrasta vem para ajudar, que vai ser mais uma pessoa com quem a criança pode contar. Além disso, é importante que se tenha uma boa dose de paciência e não se imponha repentinamente essa nova presença. Cada criança tem seu ritmo, e é preciso respeitar o tempo de adaptação de cada um.
Equilíbrio familiar
O esforço para reverter a imagem de vilã pode fazer com que a madrasta seja permissiva demais com o enteado, ou tente comprar sua simpatia com presentes. As duas atitudes são inadequadas e podem comprometer ainda mais a relação entre os dois - e também a do filho com os pais. Segundo Denise, isso deixa a criança confusa. Decisões relativas à educação sempre devem ser tomadas pelos pais e combinadas previamente com a madrasta ou padrasto, para que não haja conflito.
Os limites de autoridade também são definidos a partir da convivência com a própria criança. Para Denise, é preciso usar o bom senso para encontrar um meio termo entre o sistema familiar, as necessidades da criança e o que você pode oferecer - “nada pode ser imposto, tem que ser do seu jeito, mas respeitando o funcionamento anterior à sua chegada”, explica.
No entanto, isso não significa que a madrasta tenha de aguentar passivamente agressões dos enteados. Se algum episódio de violência acontecer, a primeira coisa que deve ser feita é reavaliar como se deu a aproximação, em que contexto isso aconteceu, descobrir se há influência de outras pessoas no comportamento agressivo da criança. Para a terapeuta, os pais são os mais indicados para questionar a criança sobre os motivos do mau comportamento. Segundo ela, é comum que a violência da criança direcionada à madrasta seja fruto de problemas com os pais biológicos. Nestes casos, a agressividade é a forma que a criança encontra para demonstrar descontentamento, logo, não cabe à madrasta tentar resolver o problema.
Fonte: Denise Pará Diniz - Psicóloga, terapeuta comportamental e coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Universidade Federal de São Paulo.
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