segunda-feira, 6 de maio de 2013

BEBÊ - PROTEJA SEU BEBÊ DOS GERMES

Eles podem estar em qualquer lugar: na chupeta, na banheira e nos brinquedos do seu pequeno. Saiba como mantê-lo bem longe dos micróbios nocivos.

Proteja seu bebê dos germes



A chupeta cai no chão e você corre para lavá-la e ferve-la. A mamadeira encosta na parede e é esterilizada em seguida. O pai chega da rua louco para pegar o pequeno, mas primeiro tem que tomar um banho e colocar uma roupa limpa. Ih... A chupeta caiu de novo? Pois é, a maratona recomeça e parece não ter fim. Toda mãe conhece muito bem essa rotina. E, com certeza, já se perguntou se todos esses cuidados são mesmo necessários. Será que os ambientes pelos quais circulamos normalmente são assim tão contaminados por bicharocos que podem fazer mal ao bebê?
 
A resposta é sim e não. De fato, há milhares de monstrinhos espalhados por aí. “Estamos cercados por micro-organismos, e muitos usam nosso corpo como habitat”, afirma o infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, a maioria desses germes é inofensiva e alguns até ajudam o corpo a produzir vitaminas. Sério! Um dos tipos da vitamina K, responsável pela coagulação sanguínea, por exemplo, é sintetizado por bactérias no intestino.
 
Sem pânico
Em um adulto, esses hóspedes todos reunidos chegariam a formar uma massa de 2 a 3 quilos de micróbios (entre vírus, bactérias, fungos e protozoários), alojados na pele, no nariz, na garganta ou no aparelho digestivo. Deu vontade de correr para o chuveiro mais próximo? Não precisa. “Na verdade, esse aglomerado funciona como uma proteção. Comparo com um ônibus: se o veículo está lotado, o ladrão tem mais probabilidade de encontrar resistência do que se tivesse apenas um ou dois passageiros a bordo”, explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo.
 
Com seu bebê não é diferente. Por isso, os especialistas são contra exageros, como impedir que o pequeno tenha contato com o mundo exterior. Gradualmente, é natural e saudável que a criança brinque com outras, circule por vários ambientes e se esbalde em um tanque de areia. Essa exposição é necessária para o desenvolvimento e o fortalecimento do sistema imunológico dela. Além do mais, o contato com germes nem sempre é sinônimo de doença. “Afinal, o corpo possui várias barreiras de proteção, como a saliva e o ácido estomacal, que nocauteiam os intrusos antes que eles causem algum dano”, explica o infectologista Marcos Boulos, professor do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade de São Paulo.
 
Mas, fatalmente, de vez em quando uma das feras que habitam essa fauna fará você correr para o consultório do pediatra porque seu filho aparecerá com infecção de pele, diarreia, problemas respiratórios etc. Os micróbios nocivos também são inúmeros e o que provocam depende de onde eles se alojam. “Se for no duto lacrimal, pode haver conjuntivite; no ouvido, otite; no pulmão, pneumonia; no trato urinário, infecção urinária; e assim por diante”, afirma Boulos.
 
Zelo necessário
 A existência dessa gangue do mal (veja o quadro) é uma boa razão para não relaxar com a higiene. E quanto menor for seu filho, maiores devem ser os cuidados. Até 8 meses Lavar as mãos antes de pegar a criança e de manusear qualquer alimento ou objeto que será oferecido a ela é imprescindível quando se trata de bebês muito novinhos. A recomendação vale também para antes e depois da troca de fraldas, pois muitas bactérias das fezes podem, por meio das suas mãos, ser levadas à boca do pequeno ou à chupeta, causando doenças. “Colocar uma embalagem de álcool em gel na entrada do quarto do recém-nascido é uma boa ideia. Facilita essa higienização e insinua para as visitas que elas devem tomar o mesmo cuidado”, sugere o toxicologista e pediatra Sérgio Graff, diretor da Clínica Toxiclin, em São Paulo. Se o bebê tiver menos de 1 mês, o ideal mesmo é que os adultos, ao chegar da rua, troquem de roupa e lavem as mãos e o rosto antes de tocar no pequeno, especialmente quem trabalha na área de saúde e convive com germes mais perigosos e resistentes.
 
Olho vivo também nos objetos que o bebê leva à boca, como chupetas, mamadeiras, mordedores e brinquedos. Eles precisam ser higienizados toda vez que caírem no chão, mesmo que seja o do quarto do bebê, ou entrarem em contato com o banco ou o assoalho do carro e as roupas sujas dos adultos. “Primeiro, passeio em água. Em seguida, mergulhe-os em uma solução de oito gotas de detergente para 1 litro de água morna”, ensina Figueiredo. Depois, lave-os com água e detergente e enxágue com água quente, fervendo-os, em seguida, de três a cinco minutos.
 
A partir de 8 meses
 Depois que a criança começa a engatinhar, a vida fica mais fácil. “Nessa fase, é inevitável que ela tenha mais contato com micro-organismos que estão no chão”, diz o pediatra Alfredo Elias Gilio, coordenador do Centro de Imunizações e da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A partir daí, com as vacinas e a melhora da imunidade naturalmente conferida pelo tempo, basta seguir os cuidados rotineiros de higiene, como lavar mordedores, chupetas e brinquedos que são levados à boca de duas a três vezes por dia, com água corrente e detergente. Repita o cuidado também se caírem no chão. Em compensação, é preciso manter o chão ainda mais limpo. Diariamente, aspire os cômodos por onde a criança engatinha e limpe o piso com pano úmido. A partir de agora, circular pela casa com os sapatos que vieram da rua é proibido, já que é na sola do calçado contém muitos microorganismos perigosos para o ambiente doméstico. Os controles remotos e os telefones também exigem atenção extra, pois os pequenos costumam colocá-los na boca e eles carregam muitos micróbios. “Uma boa solução é revesti-los com filme plástico, fixando bem as pontas”, diz Graff.
 
Em qualquer idade
 Semanalmente, aspire o colchão e o travesseiro do seu filho e coloque-os ao sol. Se houver histórico de alergias respiratórias na família, use um aspirador com filtro de ar de alta eficácia, conhecido como HEPA, facilmente encontrado em lojas de eletrodomésticos. Manter a casa ventilada e todos os objetos bem secos é outra medida que ajuda a prevenir contaminações. “A maioria dos germes gosta de ambientes úmidos e abafados e não sobrevive muito tempo fora deles. É por ficarem ao ar livre e sob o sol, inclusive, que os tanques de areia geralmente são higienicamente seguros”, garante Olzon.
 
Enxaguar a banheira da criança com água quente e secá-la antes e depois do banho é outra medida que faz parte da cartilha da mãe prevenida. Uma vez por semana, lave-a também com sabão. “Se ela for usada por mais de um bebê, deve-se passar álcool em toda a superfície diariamente”, recomenda Graff.
 
Em relação aos alimentos oferecidos ao filhote, todo cuidado é pouco. Frutas, verduras e legumes devem ser lavados em água corrente e deixados de molho em solução desinfetante (1 litro de água mais 1 colher de sopa de água sanitária de boa procedência e sem cheiro por cinco minutos). Enxágue novamente. E carnes e ovos não devem ser servidos crus ou malpassados.
 
Outra recomendação importante é nunca, em idade nenhuma, beijar a criança na boca nem compartilhar talheres com ela. “Muitos micróbios se alojam na saliva e são transmitidos por ela, como herpes labial, cárie, candidíase e até gastrite”, afirma Figueiredo. Por isso, nem pense em colocar na boca a chupeta que caiu para limpá-la. Se não tiver como higienizá-la, é melhor guardá-la e aguentar a choradeira.
 
Esta gangue é do mal
Conheça os principais micróbios que ameaçam a saúde do bebê e saiba onde eles se alojam.
 
Escherichia coli - Esconde-se no chão contaminado por fezes, como em banheiros, e provoca diarreia. É transmitido por mãos e alimentos infectados.
 
Salmonela - É um grupo de bactérias que vive em ambientes onde se manipulam aves, carnes e ovos contaminados, como carrinhos de supermercado e cozinha. Causa diarreia, vômito e febre. É transmitido por alimentos que tenham ficado em contato com a bactéria.
 
Helicobacter pylori - Habita a saliva, inclusive da mãe, e desencadeia gastrite e úlcera. Transmissível pelo contato com a saliva contaminada por meio de talheres, beijo etc.
 
Epstein-Barr - Também presente na saliva, provoca mononucleose. Cuidado com beijos e talheres.
 
Herpes simplex
Outro que vive na saliva. Ele transmite herpes labial, que se manifesta por meio de lesões nos lábios. O contágio pode acontecer pelo contato direto com a saliva contaminada, com a lesão ou com a mão de alguém que a tenha tocado.
 
Cândida albicans - Mais um que está na saliva. Provoca candidíase labial, o famoso sapinho. A transmissão também ocorre pela exposição à saliva e a talheres contaminados.
 
Estreptococo - Faz parte de uma família grande e pode estar nas mãos de quem manipula mamadeiras, chupetas, mordedores etc. Provoca faringite, escarlatina, diarreia, vômitos e doenças graves, como meningite e pneumonia. Um deles – o Estreptococos mutans – é o causador da cárie dental.
 
Estafi lococo - Também forma um grupo com vários tipos. Fica escondido na saliva e na pele e pode contaminar os objetos da criança durante a manipulação. Desencadeia faringite, laringite, sinusite, vômito, infecções urinária e de pele, às vezes com pus.
 
Pseudomona aeruginosa - Fica na terra, no ambiente e em mãos muito sujas. Pode causar infecções respiratória, urinária e no sangue. Costuma vir de carona em hortaliças infectadas.
 

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