quarta-feira, 17 de julho de 2013

CRIANÇA - BAIXA ESTATURA

A maioria das crianças de estatura baixa é absolutamente saudável. Ainda assim, não são poucos os pais aflitos que levam seus filhos ao pediatra para saber se ficarão baixos para sempre ou se existe algum tratamento para fazê-los chegar ao tamanho mais alto que puderem atingir.
 
Na avaliação desses casos, é obrigatório afastar condições clínicas associadas à dificuldade de crescimento, como hipotireoidismo, desnutrição e outras doenças crônicas.
 
Na ausência dessas patologias, quando o padrão de crescimento de uma criança está em franco desacordo com a estatura dos pais, ou existe descompasso evidente entre o desenvolvimento do esqueleto e a idade cronológica, é necessário realizar avaliações clínicas e laboratoriais mais detalhadas.
 
Tais procedimentos são especialmente importantes nas seguintes situações:
1) altura que cai na faixa abaixo de 1% das curvas de estatura para crianças do mesmo sexo e idade; 2) idade óssea 10% abaixo daquela esperada para a faixa etária; 3) proporções anormais entre os comprimentos dos membros superiores e inferiores; 4) altura provável significativamente menor do que a dos pais.
 
História familiar de atraso para chegar à puberdade e para atingir a altura final na vida adulta pode sugerir tratar-se apenas de um caso de crescimento mais lento, que não comprometerá a estatura definitiva.
 
Cerca de 15% dos que apresentaram retardo no crescimento durante a vida intrauterina serão adultos mais baixos.
 
Dosagens hormonais dentro da normalidade afastam a hipótese de formas graves de deficiência de hormônio do crescimento, mas não a de déficits mais leves. Para complicar, níveis baixos do hormônio podem voltar ao normal assim que se inicia a puberdade.
 
Como na maioria dessas crianças, a avaliação clínica e laboratorial é incapaz de detectar alterações que justifiquem o crescimento diminuído, esses casos são classificados como atraso de puberdade ou baixa estatura idiopática não relacionada à deficiência de hormônio do crescimento, guarda-chuva que acolhe os pacientes diagnosticados como “baixa estatura idiopática”.
 
Em conjunto com os pais, o desafio dos endocrinologistas é decidir se a baixa estatura caracteriza um distúrbio que exige tratamento. Nesse caso, o objetivo seria assegurar crescimento mais rápido durante a infância, tamanho normal ou a maior altura possível na vida adulta?
 
A simples observação é o caminho mais seguro para boa parte dos casos idiopáticos. Estudos comparativos entre crianças com estaturas diferentes e avaliações psiquiátricas de adultos mais baixos mostram que o estresse psicológico pode estar, ou não, relacionado com a estatura. Da mesma forma, ensaios clínicos conduzidos com crianças tratadas com hormônio do crescimento foram incapazes de relacionar aumento da altura com o bem-estar psicológico.
 
Quando indicada, a administração de hormônio do crescimento é capaz de provocar aumento de 0,4 cm por ano de tratamento. Idade mais baixa, esqueleto ainda longe da maturidade e pais de estatura mais alta são fatores que aumentam a probabilidade de resposta favorável. Pais mais baixos diminuem a chance de crescimento expressivo.
 
O hormônio deve se injetado diariamente, por via subcutânea, até que o crescimento esteja completo, ou enquanto pais e médicos julguem necessário, critério subjetivo que dificulta a tomada de decisões racionais.
 
O tratamento é caro. As estimativas vão de U$ 30.000 a U$ 50.000 para cada centímetro ganho. Os riscos são pequenos, mas ainda não estão bem esclarecidos.
 
A alternativa é a administração de andrógenos em doses baixas: testosterona injetável ou oxondrolone. Em dois ensaios clínicos, o crescimento foi de 3,0 cm a 5,1 cm por ano, durante um a três anos.
 
O acompanhamento de pacientes tratados com andrógenos mostra que o tratamento está associado a crescimento normal durante a puberdade e à estaturas iguais ou pouco maiores do que a das previsões feitas antes de administrá-los.

Fonte: Dr. Drauzio Varella é um médico oncologista, cientista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo.
 
 

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