Vivemos em um tempo de transformações rápidas, momento da história da evolução humana. Tempo tão veloz que se torna difícil seguir o curso normal das coisas. A corrida da era digital está apenas começando. Novas formas de interagir, comunicar, informar, educar. Estamos diante de uma realidade jamais imaginada, e de um futuro de incertezas e desafios. Um mundo construído com novas informações, de diferentes formas: onde estamos, o que fazemos e do que gostamos. O que devemos fazer com essas informações? Uma alternativa é “viver intensamente” o tempo presente e compreender um futuro em que a tecnologia irá nos direcionar por caminhos jamais imaginados. Por outro lado, um mundo onde é fundamental preparar a geração dos chamados “nativos”, os nascidos na era digital, não apenas para o uso das mídias ou um bom desempenho escolar, mas também para os valores humanos, éticos e para o respeito das diversidades.
A escola e o docente precisam valorizar a tecnologia como instrumento de aprendizagem e, ao mesmo tempo, entender que tal tarefa não é simples. É preciso deixar de lado a forma como fomos educados, no processo linear, na família, na Igreja e na sociedade. “Pois o “digital” possibilita outro modo de pensar, outra forma de construir o conhecimento, pautado em uma lógica não mais linear, mas em um conjunto de nós ligados por conexões” (Pierre Levy).
Viver em um mundo digital
Não vamos romper com o uso das tecnologias porque elas já fazem parte de nossas vidas, às vezes sem nossa permissão. Viver em um mundo digital é muito melhor do que antigamente, mas é preciso mudar paradigmas, mudar a forma de pensar. Novas atitudes requerem a revisão da educação e a busca de fundamentos na razão. Diante das mudanças, são necessárias atitudes de prudência e persistência, já que presenciamos a maior transformação cultural relacional de todos os tempos. Nunca na história da humanidade o cérebro humano passou por mudanças tão bruscas como nos dias atuais. De certa forma, podemos entender que a tecnologia expande o cérebro do homem, possibilitando-lhe fazer o que em outras épocas jamais faria sozinho. Isso requer muito esforço da parte do educador e dos que chegaram à tecnologia digital mais tarde na vida e, por isso, precisam se adaptar a ela.
Para os “nativos” dessa era, a educação está em todo lugar. A partir de um dispositivo digital conectado à internet, há um universo inteiro de sons, palavras e imagens na ponta dos dedos. Em casa ou na rua se pode ter acesso a qualquer informação. A “aldeia global”, como dizia o teórico canadense Marshall McLuhan, derruba as fronteiras geográficas, tornando os jovens cidadãos planetários.
Dessa forma, o educador deixou definitivamente de ser apenas o detentor do saber, transmissor de conteúdo, disciplinador e juiz da sala de aula, para se tornar treinador, guia, parceiro, orientador, intermediário e amigo entre o aluno e os conhecimentos que as tecnologias fornecem. A educação precisa ser menos informativa: a hora é de partilhar, aprender junto, compartilhar.
Papel do educador
Nessa visão, o primeiro papel do educador é compreender o jovem e o meio em que este vive. A complexidade da vida do jovem é composta por sistemas: sistema familiar, escolar, social, igreja, etc. Fará diferença aquele educador que, mais do que ensinar, souber orientar. Ele precisa ser um agente transformador – primeiro, de si mesmo; segundo, dos seus educandos. Mudar suas práticas pedagógicas, o conteúdo a ser ministrado em suas aulas, adaptando-se à tecnologia que lhe dá suporte. É o papel que se espera dele na “era digital”.
“O educador não precisa ensinar as coisas, elas já estão na internet, nos livros e nas mídias. É ensinar a pensar”, diz Rubem Alves. Não é dar respostas; é sim, provocar a curiosidade, o desejo de buscar o novo e contextualizar a física, a história, a filosofia e outros saberes. O estilo das novas gerações convida a uma atitude otimista diante do presente e do futuro das crianças e dos jovens.
O papel do educador continua tão importante quanto em outras épocas. Só que agora, mais que nunca, que instigue seus discípulos a aprofundarem no conhecimento e a fazer conexões, transformando essa rede de informações em conhecimentos significativos. Para isso, o educador deve também estar motivado, buscar qualificação permanente, conhecer as características das novas gerações, dos processos cognitivos de aprendizagem e das novas tecnologias, para enfrentar os desafios que se lhe apresentam a cada dia. Deve sentir-se alguém em construção, uma obra contínua de mudança, de elevação. Para educar verdadeiramente, ele necessita conhecer as novas linguagens virtuais e usar a tecnologia e ter paixão para resolver problemas. Ser empreendedor e inovador com um pouco de loucura. “O futuro está aqui. Contudo ainda não está igualmente distribuído” (William Gibson, escritor de ficção científica). Assim, os educadores, de uma forma mais ampla, se não forem capazes de compreender a história e as complexidades por trás desse cenário em constante mutação, que é o mundo digital, jamais alcançarão o diálogo e jamais treinarão verdadeiramente os “nativos” no seu sentido pleno.
Fonte: Ir. Cledson Martas Rodrigues
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