Telefones, endereços, datas de aniversário, senhas...
Somos obrigados a registrar um número cada vez maior de dados. Confira como
algumas ações podem turbinar nossa capacidade de recordar os fatos.
Esse é um lado muito raro da moeda. A outra face, essa
sim bem conhecida, são as falhas na memória, ou aqueles momentos em que você
simplesmente não se lembra mais de uma informação que procura em seu arquivo
cerebral. E, quando a idade avança, esses brancos se tornam mais frequentes.
Porém, pesquisas recentes conseguem encontrar maneiras de proteger as
recordações e atrasar os famosos lapsos que acontecem vez ou outra ou até
mesmo acabar com eles. Para preveni-los, é preciso começar bem cedo: quanto
antes a gente adotar esse manual, maiores são as chances de escapar desse
perrengue.
Um estudo da Universidade da Califórnia, a mesma que
acompanha a trajetória de Jill, constata que mais da metade dos casos de
Azheimer, doença que apaga as lembranças, poderia ser evitada com atitudes
simples. Além disso, deletar um desses sete fatores do dia a dia já seria capaz
de diminuir em 25% o risco de desenvolver o mal dos anos grisalhos. Veja a
seguir nossas recomendações.
1. Exercitar o cérebro
Um dos caminhos mais
indiscutíveis para manter as recordações intactas é ler e estudar. "A
memória mantém-se graças ao uso. E a leitura é uma forma de exercitá-la. Quem
não tem esse hábito apresenta maior probabilidade de desenvolver problemas
cognitivos no futuro", garante o neurocientista Ivan Izquierdo, diretor do
Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Indivíduos que passam mais tempo na escola ficam com a mente blindada. Nessa
gente, o cérebro guarda mais informações e consegue lidar melhor com uma
eventual perda de neurônios, o que é bastante natural com o passar do tempo. De
acordo com a pesquisa da Universidade da Califórnia, 19% dos casos de Alzheimer
acontecem em razão do combo pouca leitura e aprendizado escasso. "Ler
massageia a memória e é um grande exercício intelectual", completa
Izquierdo.
2.
MalharO exercício tem um
impacto positivo incontestável no nosso organismo. E, para nossa capacidade de
recordar continuar a toda, ele é mais do que um aliado. Principalmente porque
tem uma ação direta no nosso grande HD. "Fazer algum esporte aumenta o
número de neurônios no hipocampo, região responsável por armazenar a
memória", atesta a neurologista Sônia Brucki, do Departamento Científico
de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de
Neurologia, em São Paulo. Andar, correr, pedalar ou nadar também contribui para
diminuir riscos cardiovasculares e faz com que o praticante adote um estilo de
vida mais saudável. Além disso, a atividade física catapulta os níveis de uma
substância conhecida como neurotrofina. "Ela é produzida pelo sistema
nervoso central e reduz a morte programada de neurônios", explica o
neurologista Mauro Muszkat, coordenador do Núcleo de Atendimento de
Neuropsicologia Infantil Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo.
Esse protetor natural também estende a longevidade das células nervosas, um
ponto positivo para salvar nossos arquivos mais do que pessoais.
3. Domar o diabete
Prevenir a doença do
sangue doce pode trazer benefícios que vão além de preservar a memória. É
sabido que pessoas com sobrepeso correm mais risco de desenvolver o tipo 2 do
mal, que gera resistência à insulina, o hormônio responsável por colocar a
glicose para dentro das células. Sem ela, o corpo acaba sem energia para
trabalhar e se manter ativo. Daí, com a ausência de combustível para a labuta,
os neurônios ficam fracos, fracos, o que pode resultar em lembranças deletadas.
Por isso a necessidade de manter a glicemia dentro dos conformes.
4.
Parar de fumar
Entre outros distúrbios, o tabaco também pode afetar a forma como guardamos os
fatos. Quem fuma fica mais suscetível a desenvolver problemas no sistema
circulatório, como a aterosclerose. Nessa doença, as artérias sofrem uma
inflamação e, com isso, placas de gordura grudam em suas paredes. Com o andar
da carruagem, elas se calcificam, diminuindo o calibre dos vasos. Dessa forma,
o cérebro recebe menos sangue e uma menor quantidade de oxigênio e nutrientes.
O coitado, então, pena para desempenhar suas funções, como a de lembrar.
"O cigarro também é produtor de neurotoxinas e radicais livres que causam
danos aos neurônios", acrescenta o gerontólogo Ivan Aprahamian,
pesquisador do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Para aqueles que estão com as medidas ideais, ficar de bem com a balança é a pedida certa. Já para as pessoas que estão exagerando à mesa, maneirar na comida também pode melhorar, em longo prazo, a sua capacidade de não esquecer. Para ajudar nesse processo, alguns pratos são indicados pelos especialistas. "Alimentos ricos em vitaminas e compostos antioxidantes são importantes para preservar a memória", garante Ivan Aprahamian. Entre as mais indicadas estão verduras, frutas e legumes. A carne de peixe, as frutas secas, o azeite de oliva e o vinho tinto também são uma boa opção. Além disso, comidas saudáveis são importantes no controle do colesterol e, claro, para o funcionamento de nosso coração. Indivíduos com quilos a mais desenvolvem resistência à leptina, uma substância que é fabricada no tecido adiposo e que tem como principal função informar ao nosso organismo se precisamos comer mais. Essa substância tem outra incumbência: proteger os neurônios e processar as lembranças no hipocampo. Se esse hormônio não trabalha direito, o esquecimento passa a ser uma palavra constante no linguajar dos sedentários.
6. Controlar a pressão
A hipertensão não só fustiga o peito: ela, mesmo que indiretamente, passa a borracha nas rememorações mais íntimas. O estrago se assemelha ao do cigarro. "As alterações vasculares diminuem o fluxo sanguíneo, o que acarreta menos oxigênio e nutrientes para as células responsáveis pela memorização", explica Sônia Brucki. Por isso, monitorar e sempre manter a pressão arterial no patamar de 12 por 8, recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, também auxilia a resguardar a massa cinzenta.
A hipertensão não só fustiga o peito: ela, mesmo que indiretamente, passa a borracha nas rememorações mais íntimas. O estrago se assemelha ao do cigarro. "As alterações vasculares diminuem o fluxo sanguíneo, o que acarreta menos oxigênio e nutrientes para as células responsáveis pela memorização", explica Sônia Brucki. Por isso, monitorar e sempre manter a pressão arterial no patamar de 12 por 8, recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, também auxilia a resguardar a massa cinzenta.
7. Fugir da depressão
A tristeza que não tem hora nem dia para chegar ao fim acelera o apagão mental. "O indivíduo deprimido começa a dar ênfase às recordações ruins", explica Ivan Izquierdo. Além disso, hormônios como serotonina e noradrelina, envolvidos na química do lembrar, deixam de atuar como deveriam. "Pode acontecer uma queda de estimuladores da memória no cérebro e, em algumas pessoas, o encolhimento do hipocampo, local onde ela se concentra", avalia Ivan Aprahamian. Também ocorre uma diminuição da neurogênese, quando surgem células nervosas zero-quilômetro. Por fim, a importância que o depressivo dá ao esquecimento pode piorar ainda mais o panorama. "Muitas vezes, há supervalorização de uma reles falha de memória", diz Sônia Brucki. E, como em um efeito cascata, isso só fomenta mais e mais lapsos.
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