Excesso de cuidados pode criar uma criança mimada.
Algumas vezes, os pais procuram oferecer aquilo que sentiram falta na infância e dificultam a autonomia da criança.
Uma associação feita por muitas pessoas é a de que o filho único é sinônimo de criança mimada. Ter a exclusividade da preocupação dos pais é um dos motivos. Porém, o mimo não é resultado da quantidade de filhos do casal e sim da educação oferecida.
Toda criança precisa de cuidados e atenção dos pais para se desenvolver corretamente. Afeto, acolhimento, segurança, aceitação e disponibilidade são alguns dos princípios que devem ser oferecidos. Mas é preciso atenção para não passar dos limites.
“Quando esses cuidados são em excesso, a gente está contribuindo para criar uma pessoa mimada”. “A criança chega a um mundo que já existe antes dela. É importante que todo o núcleo ao redor transmita isso a ela.”
A criança mimada
Normalmente é fácil perceber se a criança é mimada ou não. Uma das principais características é não aceitar os limites impostos pelos pais. “Se não existe uma orientação, a cada ‘não’ que recebe, ela testa frontalmente isso”, explica a psicóloga. “A criança verifica até onde vai a força dela, com pirraça, choro, que são os recursos que ela dispõe.”
Esse tipo de atitude é natural no início do desenvolvimento. Mas o ideal é que, de acordo com o amadurecimento, ela passe a compreender as restrições. Caso contrário, seu filho pode se tornar uma pessoa de convivência difícil com o passar dos anos.
Papel dos pais
É nessa hora que os pais precisam aprender a impor os limites. Mas isso nem sempre é tarefa fácil. “A criança mimada muitas vezes tem ao seu redor pais frágeis em seus posicionamentos”, revela a psicóloga.
Um dos erros mais comuns é tentar oferecer e projetar nos filhos aquilo que não tiveram na infância. “A gente tem que cuidar das nossas lacunas emocionais por nós mesmos, e não corrigi-las por meio dos filhos”, orienta Silvia.
Também é importante incentivar o exercício de autonomia. Segundo a psicóloga, é fundamental que o filho descubra o mundo apoiado pelos pais, mas pelas próprias experiências e percepções.
Procure não resolver todas as dificuldades encontradas. Deixe que a criança enfrente os obstáculos e encontre o seu próprio recurso. “Não mastigue o mundo para seu filho. Permita que ele exercite a própria mastigação”, compara Silvia.
No começo, pode parecer difícil e até doloroso para os pais. Mas proteger demais o filho não é uma prova de amor ou atenção. As lições dadas na infância farão diferença no futuro. Ele vai compreender e te agradecer por isso.
Fonte: Silvia Gomes de Mattos Fontes, psicóloga e vice-presidente da Associação de Terapia Familiar do Espírito Santos (Atefes).
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