quarta-feira, 16 de outubro de 2013

SONAMBULISMO

Como lidar com o sonambulismo?
       
O sonambulismo é um transtorno do sono em que o cérebro desperta de forma desequilibrada. O sono é composto por quatro fases: sonolência, intermediária, sono de ondas lentas (o período mais profundo) e REM (Rapid Eye Movement), período de maior relaxamento muscular, quando acontecem os sonhos. Durante a noite acontecem de três a cinco ciclos de sono, em que esses estágios se intercalam. A sincronia e proporção entre essas fases conferem o efeito reparador de descanso, consolidação das memórias e regulação das emoções durante o sono.
 
 
O processo do despertar depende de um mecanismo neurológico complexo que ocorre em vários níveis. Alguns deles são o despertar somático (a frequência cardíaca, pressão arterial, atividade do metabolismo e dos órgãos alteram seu ritmo de funcionamento), o despertar cortical (alterações nas ondas cerebrais que indicam a atividade no cérebro) e o despertar cognitivo (consciência e emoções).

“O sonambulismo é um desajuste entre esses níveis de despertar, quando somente uma parte das funções cerebrais desperta, mas não se tem uma consciência semelhante a quando estamos acordados, com memórias e planejamento consciente”, explica Dr. Leonardo Ierardi, neurofisiologista clínico e médico especialista em transtornos do sono do Einstein. Por isso o sonâmbulo consegue se lembrar onde fica a porta do quarto, mas, geralmente, não se recorda no dia anterior o que fez durante à noite.
Quem sofre desse distúrbio exerce atividades como falar e caminhar durante o sono e no dia seguinte não se recorda do episódio.

Apesar de ser mais frequente em crianças - 17% delas têm sonambulismo até os 13 anos - esses episódios também podem acontecer em adultos. Na população infantil, o sonambulismo pode ser um fenômeno normal, relacionado ao processo de amadurecimento do cérebro. Em cerca de 65% dos casos existe um componente genético de predisposição a esse fenômeno.

Já nos adultos o sonambulismo pode estar associado a situações de estresse, consumo de bebida alcoólica ou drogas, além de doenças que alteram o padrão do sono, como a apneia do sono, e a ingestão de medicamentos que interferem nesse mecanismo.

“Um dos principais fatores desencadeantes é a privação de sono,” afirma o neurologista. A frequência com que ocorrem também varia de acordo com os estímulos internos e externos. Um contexto de estresse físico (febre, doença da tireoide, dor) ou mental (estresse) excessivo, pode desencadear um episódio de sonambulismo à noite.

O episódio de sonambulismo pode durar de segundos a minutos. Os movimentos podem ser simples como sentar e depois deitar na cama, chegando até a situações mais complexas em que as pessoas saem de casa e caminham na rua ou pegam o automóvel e dirigem.

O sonâmbulo costuma agir de olhos abertos, porém com movimentos mais lentos do que o usual e com olhar estático. Algumas pessoas andam com os braços esticados, que é uma forma de se equilibrar e se localizar no quarto. As pessoas não costumam se lembrar da situação no dia seguinte, com exceção das situações que envolvam força física ou atrito.

Apesar de não se recordar do que acontece durante a crise, a memória continua ativa. Portanto, mesmo que ele tranque a porta da casa e a esconda, as chances de encontrar o objeto durante a noite são grandes.

Tratamento e como lidar com o sonambulismo



Quando existem comportamentos que representam riscos à integridade física do sonâmbulo ou daqueles que convivem com ele, é fundamental o tratamento com medicamentos que atuem no padrão de sono. Em alguns casos, dependendo do grau de sonambulismo é possível complementar o tratamento com técnicas de relaxamento e psicoterapia.

Evitar o excesso de estímulos no ambiente do sono, com pouca luz e barulhos externos, e evitar atividades que provocam agitação (televisão, celular, videogame e computador) também são medidas para combater o sonambulismo.

Existe muita dúvida quanto a acordar ou não o sonâmbulo. No entanto, segundo o Dr. Ierardi, não há contraindicação. “Você pode direcionar o sonâmbulo até a cama ou acordá-lo de forma tranquila, como acorda qualquer pessoa. O único risco é da pessoa acordar confusa”, afirma.
As outras dicas para lidar com as crises são:
  • esconder objetos pontiagudos como facas, tesouras e navalhas
  • trancar as portas e janelas e garantir que o sonâmbulo não saiba onde estão as chaves
  • priorizar sempre dormir em camas baixas, para evitar que ele se levante e caia de uma altura que represente risco
  • saber que, ao despertar durante um episódio de sonambulismo, o indivíduo pode permanecer confuso ou agitado por alguns minutos.

Fonte: Dr. Leonardo Ierardi, neurofisiologista clínico e médico especialista em transtornos do sono do Einstein.

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