terça-feira, 18 de junho de 2013

NEOFOBIA ALIMENTAR NA INFÂNCIA

Neofobia alimentar é comum na infância. Seu filho faz cara feia diante de legumes, verduras e frutas? Você não está sozinho: segundo Carla Yamashita, nutricionista do Fleury, muitas crianças restringem sua alimentação a um escasso cardápio – composto geralmente por alimentos mais energéticos como massas e doces –, o que pode fazer da hora da refeição um tormento para os pais. “É comum na infância a chamada neofobia alimentar, que é a relutância para comer novos alimentos. A criança passa a ser seletiva na variedade, textura ou quantidade.”
 
 
A neofobia alimentar pode impedir uma dieta variada, fazendo com que os pequenos rejeitem alimentos sem ao menos prová-los. Trata-se de uma fase transitória, é importante lembrar, mas o que fazer para garantir que a qualidade da dieta e o desenvolvimento das preferências alimentares de seu filho não seja prejudicada?
 
Segundo a nutricionista do Fleury, a oferta constante e o estímulo para o consumo de verduras, legumes e frutas auxiliam a criança a formar um hábito alimentar saudável. “Procure servir um prato bem arrumado, vistoso e colorido; ofereça variados tipos de verduras e legumes em diferentes formas de preparações e incentive a participação da criança na elaboração do prato.”
 
A atitude dos pais também pode explicar o comportamento da criança, afirma Carla Yamashita. “Quando se oferece um alimento novo a um bebê, é comum ele ter, como reflexo, expressões faciais entendidas como positivas, geralmente com sabor doce, e negativas, frequentemente com sabores azedo e amargo. Os adultos podem interpretar essa expressão de forma errada, julgando ser uma aversão fixa e persistente, e deixam de oferecer o alimento ao filho.”
 
Recompensas e punições – o famoso “só vai ter sobremesa depois de comer toda a salada” – devem ser evitadas, afirma a nutricionista. Ao contrário do que os pais possam esperar, esse recurso não estimula o gosto da criança pelo alimento, já que ela só o consome porque vai ter algum benefício ou será privada dele se não comer. “Experiências positivas e negativas quanto à alimentação no decorrer da infância interferem diretamente nas escolhas alimentares. Crianças precisam ingerir a quantidade e qualidade de alimentos necessárias e não comer à custa de insistências, agrados e distrações”, explica Carla.

Estratégias para melhorar a qualidade da alimentação de seu filho
Fracione a alimentação em seis refeições diárias, com pequenas porções
Ofereça sempre frutas, verduras e legumes, mesmo que a criança recuse
"Brinque" com a apresentação do prato
Evite deixar biscoitos e guloseimas à vista. Se a criança pedir, ofereça nos horários dos lanches
Deixe os líquidos para depois das refeições. Dê preferência a sucos naturais e sem açúcar
Evite usar os alimentos como punição ou recompensa
A refeição deve ser feita num ambiente tranquilo e agradável
Os pais ou responsáveis pelas crianças são exemplos para elas. É importante que eles também consumam alimentos saudáveis com frequência e em boa quantidade
Se a criança estiver doente, é comum a inapetência. Tente não forçá-la a comer. Ela voltará a ter fome quando começar a melhorar
Levar as crianças à feira e ao sacolão pode ser um jeito divertido de apresentá-las às verduras e frutas
Se a criança disser que não gosta de um alimento que não conhece, proponha que ela prove um pedaço bem pequeno. Se não gostar,,dê um tempo e ofereça outras vezes, em ocasiões e formas de preparo diferentes

Sinal vermelho
Mesmo que todos esses cuidados sejam tomados, é necessário prestar atenção a sinais que possam indicar algum distúrbio causado pela deficiência dos nutrientes essenciais nesta fase da vida. “A consequência mais comum é a anemia por deficiência de ferro, frequente na infância. Os pais devem ficar atentos à palidez da criança e a sintomas como fraqueza, sonolência, dor muscular e cefaleia, e procurar um médico para que ele possa investigar a situação e dar as orientações necessárias, explica Carla Yamashita. Outras deficiências nutricionais podem ocorrer pelo baixo consumo de frutas, verduras e legumes, alimentos ricos em vitaminas e minerais.
 
A nutricionista do Fleury alerta para outro problema que pode ocorrer em virtude do consumo exagerado de alimentos calóricos: o aumento do peso. “Ele passa a ser desproporcional em relação à estatura da criança, podendo levar à obesidade, condição cuja prevalência está aumentando rapidamente na população infantil. Trata-se de uma epidemia mundial reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).”

O que não pode faltar no prato de seu filho
Cada faixa etária tem necessidades nutricionais específicas. No caso das crianças em idade pré-escolar, os nutrientes que merecem mais atenção são proteínas, cálcio, ferro, vitamina A e zinco. Confira dicas para que esses componentes não faltem no cardápio:

• Leites e derivados são importantes fontes de cálcio e proteínas
• Carnes e feijões contribuem para a ingestão adequada de ferro e proteínas
• Lácteos devem ser consumidos preferencialmente no desjejum e nos lanches, enquanto que verduras, legumes e carnes devem entrar nos cardápios do almoço e do jantar. Respeitar esses horários garante boa absorção dos nutrientes pelo organismo
Incentive o consumo de cereais integrais, verduras, legumes e frutas
Os alimentos podem ser substituídos. Se seu filho não come cenoura, ofereça abóbora, mamão ou outros vegetais amarelos e alaranjados, e as fontes de vitamina A estarão garantidas
  
Fontes: Andrea Del Bianco Oliveira e Carla Yamashita (nutricionistas)

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