terça-feira, 18 de junho de 2013

VOCÊ CONHECE A SUA PISADA?

Quem pratica corrida sabe que um bom plano de treinamento é fundamental e que adequá-lo ao seu dia a dia é a primeira e principal etapa para bons resultados. No entanto, você já parou para pensar na importância dos seus pés para seu desempenho?
 
Pois bem, os pés são parte fundamental do aparelho locomotor, pois são a base sobre a qual nos movemos de um lugar a outro, seja andando ou correndo, a todo instante, em qualquer terreno, sob qualquer temperatura. E, para cada situação, usam-se calçados diferentes: sapatos, sandálias, sapatos de salto alto (e muito alto, às vezes!), tênis, que podem influenciar e até mesmo comprometer a forma correta de pisar.
 
Além dos fatores externos, como as superfícies onde andamos e os calçados usados, as particularidades da composição corporal de cada um, como a altura, o peso, e a postura – joelhos mais abertos, contato excessivo entre os tornozelos, coluna lombar mais encurvada, entre outras alterações ou padrões – são determinantes da marcha, isto é, da maneira como caminhamos. A somatória desses fatores justifica a nossa forma de pisar, popularmente conhecida como “pisada”.
 
A pisada pode ser neutra, supinada (mais apoiada no lado externo dos pés) ou pronada (mais apoiada no lado interno dos pés). O tipo de pisada reflete a forma como distribuímos sobre as plantas dos pés a pressão gerada por nosso peso corporal e pelo impacto do movimento, seja andando ou correndo. A escolha de um tênis inadequado para o seu tipo de pisada implicará na queda do seu rendimento, durante os treinos ou nos dias de competição, além de poder deixá-lo predisposto a lesões musculoesqueléticas que também afetarão diretamente a sua corrida.
 
Felizmente, já existem no mercado equipamentos capazes de identificar os possíveis tipos de pisada, considerando o sexo e as medidas antropométricas de cada um (peso, altura e tamanho dos pés, por exemplo). Um deles é o baropodômetro eletrônico computadorizado, que identifica os pontos onde há maior pressão nas plantas dos pés, se essa distribuição é semelhante em ambos os pés, se a transferência de peso ao caminhar ocorre corretamente entre as três porções anatômicas do pé – retropé, mediopé e antepé. O estudo também inclui a avaliação do equilíbrio, através de um sistema chamado de estabilometria.
 
Essas medidas são obtidas em dois momentos: estático e dinâmico. No primeiro, a pessoa fica em pé, parada, com a postura normal e relaxada, para o reconhecimento da distribuição estática de pressões. Essa fase é importante para identificar problemas posturais e assimetrias no comprimento ou na força das pernas. Pode, ainda, apontar uma postura de deslocamento do pescoço e da cabeça para frente, sugestiva de problemas visuais; ou alterações de equilíbrio que podem decorrer de disfunções dolorosas das articulações temporomandibulares, envolvidas na mastigação. Todos esses fatores, embora pareçam pouco relacionados, influenciam a biomecânica do andar e, consequentemente, do correr.

Na análise dinâmica, por sua vez, todos esses quesitos citados são avaliados durante o deslocamento, ou seja, enquanto o indivíduo anda. Os déficits de força e flexibilidade muscular, os distúrbios de equilíbrio e coordenação, as dores nos membros inferiores e na coluna costumam trazer mudanças na distribuição de força na região plantar durante o movimento. Com esses dados, o profissional de saúde especializado pode entender as razões naturais ou alterações que justificam a pisada da pessoa e, sempre que necessário, recomendar o tênis mais adequado para a prática do esporte.
 
Eventualmente, podem ser recomendados, ainda, o uso de palmilhas específicas e exercícios de fisioterapia.
 
Se você pretende começar ou melhorar o rendimento do seu treinamento, vale a pena consultar um especialista para saber qual a sua pisada. Com certeza, seu aproveitamento será melhor, com mais conforto e menos risco de lesões. Boas corridas!
 
Tênis para corrida: a escolha certa
Procure sempre verificar com o vendedor se o modelo atende às suas necessidades. O seu ritmo de treinamento e tipo de pisada são critérios fundamentais para a escolha do calçado mais adequado. Dependendo do tipo de terreno em que você habitualmente treina, possivelmente seu tênis deverá também ser apropriado para diminuir o impacto, dotado para isso de sistemas de amortecimento, especialmente se você já teve problemas ortopédicos anteriores (como entorse de tornozelo, lesões no joelho, lombalgias, cervicalgias) ou está acima do peso.
 
 
Fonte: Alexandre da Silva, fisioterapeuta da área de Gestão de Saúde do Fleury Medicina e Saúde

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