terça-feira, 18 de junho de 2013

LESÕES ARTICULARES, COMO TRATAR

Como prevenir e tratar lesões articulares . Quando a gente se agacha, senta, levanta, dobra ou estica os braços, não pensa em quantas articulações mobiliza para fazer cada movimento. Mas elas são acionadas milhares de vezes em nosso cotidiano sem que percebamos. Presentes nos joelhos, nos cotovelos, nos ombros, nos tornozelos, nos punhos e no quadril, essas engrenagens do corpo humano, mais conhecidas como juntas, funcionam em silêncio para permitir que nossos membros inferiores e superiores se movimentem com desenvoltura.
 
Na prática, cada articulação consiste em uma estrutura formada pela junção de dois ossos, revestida por cartilagem para a diminuição do atrito entre os ossos, protegida por uma cápsula articular e estabilizada pela ação conjunta de músculos, de tendões, de ligamentos e, alguns casos, de meniscos, conforme descreve o ortopedista da Seleção Brasileira de Handebol, Gustavo Rocha Santos.
 
Essa harmonia musculoesquelética só é quebrada por traumas agudos, que ocorrem repentinamente, quase sempre durante a prática de algum exercício físico, ou por processos degenerativos, que acontecem ao longo do tempo, dependendo da atividade de cada pessoa, e envolvem o desgaste da cartilagem e a degeneração da estrutura articular.
 
Em qualquer um dos casos, o movimento deixa de ser simples e silencioso, tornando-se muitas vezes custoso e doloroso. “A dor é a principal queixa do indivíduo quando a articulação está comprometida, mas há situações em que esse sintoma pode estar ausente ou ser precedido por sensações de instabilidade ou falseio – quando o joelho parece não sustentar adequadamente o corpo –, estalidos ou crepitações na articulação, dificuldade nos movimentos e até deformidades progressivas”, enumera Santos.

A origem da desarmonia articular
Nos últimos anos, as lesões articulares, antes restritas às quadras, pistas de corrida e campos de futebol, entre outros cenários afins, ganharam também as ruas e foram se alojar no cidadão que não pratica esporte profissionalmente. No Brasil, alguns fatores contribuíram para uma maior incidência desses problemas, como o aumento da expectativa média de vida, que naturalmente eleva a incidência de processos degenerativos, e o conceito – correto, deve-se frisar – de que o adulto e o idoso também devem praticar esportes.
 
Assim, a popularização de atividades que dependem dos membros superiores para movimentos de arremesso, como vôlei e natação, tem elevado o número de lesões nos ombros, a exemplo de ruptura de tendões, luxações e deslocamento de articulações. Já modalidades que utilizam os saltos e os choques corporais, como judô e futebol, igualmente ajudam a aumentar o número de ocorrências, principalmente nos joelhos, quadris e tornozelos, a exemplo de acometimento nos ligamentos e meniscos.
 
Mas, além dessa maior exposição da população aos esportes, outro especialista no assunto, o ortopedista do Check-up Fitness Fleury, Ricardo Nahas, observa que hoje há mais lesões articulares porque as pessoas começam a se exercitar sem o devido preparo muscular e articular. “Muitas vezes o indivíduo se machuca por não ter uma rotina mínima de exercícios, necessária para manter o corpo saudável e prevenir boa parte dos problemas articulares”, assinala Nahas.
 
Para diminuir a chance de adquirir uma lesão dessa natureza ao longo da vida, seja ela traumática, por causa do futebol de fim de semana, seja ela degenerativa, a recomendação é incorporar um programa simples de exercícios, pelo menos três vezes por semana, sob orientação profissional, que mescle atividades aeróbicas para ganho de condicionamento cardiovascular, como esteira, bicicleta e corrida, com atividades anaeróbicas para ganho de massa muscular, caso da musculação. O segredo é manter uma atividade física regrada, rotineira e orientada, resumem os especialistas.
 
Por dentro da articulaçãoQuando a prevenção vai para escanteio e a lesão aparece, o tratamento da articulação pode exigir a intervenção da artroscopia, um método diagnóstico e terapêutico que permite ao cirurgião visualizar as estruturas internas e intervir nas áreas afetadas através de pequenas incisões na pele, ou seja, sem necessidade de uma cirurgia aberta, naturalmente mais invasiva.
 
“Em comparação com a cirurgia convencional, a artroscopia leva vantagem no tempo de internação hospitalar, que tem menor duração, no pós-operatório, que é mais brando e menos dolorido, nas cicatrizes cirúrgicas, que ficam mais estéticas, e na reabilitação, que ocorre mais precocemente”, enumera o ortopedista Gustavo Santos, do Fleury.
 
Segundo Santos, o método trouxe ainda à Ortopedia a possibilidade de abordar e visualizar lesões que antes não eram possíveis pela cirurgia aberta com cortes tradicionais, principalmente nos ombros e nos joelhos, e de fazer reparos mais anatômicos nas articulações comprometidas, em decorrência da melhor visualização de suas estruturas.
 
A artroscopia pode ser usada de forma bem-sucedida na quase-totalidade das lesões articulares em ombro, joelho, tornozelo, quadril, punho e cotovelo, só não substituindo a cirurgia convencional em grandes fraturas articulares. O procedimento é feito sob anestesia geral ou local, conforme o estado de saúde do indivíduo e o tipo de abordagem, e tem um tempo de duração variável, que vai de 30 minutos a uma hora e meia, dependendo da articulação acometida e da extensão do problema.
 
 
Fontes: Ricardo Nahas, ortopedista do Check-up Fitness Fleury, e Gustavo Rocha Santos, ortopedista da Seleção Brasileira de Handebol.


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