terça-feira, 18 de junho de 2013

POLUIÇÃO SONORA, QUANTO PODEMOS AGUENTAR?

Poluição sonora: quanto podemos suportar?.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a poluição sonora é a terceira maior no meio ambiente, só perdendo para a da água e a do ar. Além disso, a exposição excessiva aos ruídos pode provocar perda total ou parcial da audição, insônia e estresse.
 
Mas esse problema só afeta quem trabalha profissionalmente com música? Antes de qualquer coisa é importante entender que a surdez é a perda parcial ou total da audição.

Não só a música como qualquer outro ruído causa perda da audição e depende de dois fatores: intensidade e tempo de exposição.
 
O mecanismo da perda de audição é a destruição progressiva das células ciliadas, que são unidades que transformam som em energia elétrica e estão situadas na orelha interna (porção nervosa das orelhas).
 
Segundo números americanos, só nos Estados Unidos, 28 milhões de pessoas apresentam algum grau de surdez e 10 milhões possuem perda de audição induzida por ruído, principalmente por atividades profissionais e de lazer.
 
Mário Munhoz, assessor médico da área de Otorrinolaringologia do Fleury, respondeu a algumas questões sobre poluição sonora e o seu impacto em nossas vidas. Aproveite e informe-se sobre o assunto:
 
No DVD da banda mineira Jota Quest, intitulado Até Onde Vai, o vocalista Rogério Flausino, 35 anos, revela que perdeu 30% da audição do ouvido direito. Após dez anos cantando, o músico descobriu que o uso do earfone (fone que artistas usam para ouvir o que o público está recebendo como som, o chamado retorno) provocou a perda irreversível de parte de sua audição.
 
Uma pessoa que é frequentadora assídua de danceterias e raves pode ter o mesmo problema que o vocalista do Jota Quest?
Não só a música, festas ou raves, como qualquer outro ruído pode causar a perda da audição. Mas tudo depende de dois fatores: intensidade e tempo de exposição.
 
Qual a intensidade e o tempo máximos de exposição que o ser humano suporta diariamente?
Como regra geral 85 dB => oito horas diárias. Lembre que dB é uma relação logarítmica, dessa forma, o tempo de exposição cai exponencialmente com o aumento da intensidade. Uma intensidade sonora de 120 dB permite uma exposição de apenas cerca de cinco minutos por dia. Esse nível é atingido facilmente em concertos de rock (
confira a tabela de exposição).
 
Por que o fone de ouvido é prejudicial?
Pela mesma razão: se você extrapolar os limites de tempo de exposição e intensidade sonora, sem dúvida você terá lesão auditiva.
 
Essas lesões são irreversíveis?
Com a evolução, são completamente irreversíveis. No início do abuso existe um perda de audição transitória, que se recupera após um "descanso" auditivo. Chamamos de shift. Porém, após algum tempo, essa recuperação não mais acontece e a perda de audição vai se tornando progressivamente maior.
 
Existe algum sintoma que identifique a exposição a muito barulho?
Zumbido é o sintoma mais freqüente, principalmente aquele ruído que permanece após exposição a som intenso. Quando o som é muito elevado, em termos de intensidade, pode até haver dor. A sensação de intolerância a determinados sons (hiperacusia) também é um sintoma preocupante.
 
Quais os exames existentes para detectar esse problema?
Há vários exames para auxiliar o diagnóstico, mas o mais comum é a audiometria, que determina o mínimo que a pessoa escuta nas frequências compreendidas entre 250 e 8.000 Hz. A audiometria de altas frequências examina os limiares auditivos na faixa de frequência de 8.000 a 16.000 Hz (as lesões provocadas por excesso de ruído afetam inicialmente as frequências agudas, por isso esse exame é muito interessante, porém pouco divulgado).
 
Há ainda as otoemissões acústicas, que avaliam o funcionamento das células ciliadas externas, que também são lesionadas pelo excesso de ruído; a eletrococleografia, que avalia os potenciais elétricos gerados no momento da transformação do som em energia elétrica e, por fim, as respostas auditivas de tronco encefálico (ABR ou BERA), que estudam o tempo de transmissão do estímulo sonoro pelo nervo coclear e pelas vias auditivas no tronco encefálico.
 
Existe tratamento e cura?
Prevenção é a palavra de ordem. Não existe tratamento que possa reverter a perda. Apenas medidas para reabilitar a deficiência (próteses auditivas) ou equipamentos que possam fazer o cérebro se habituar a deixar de perceber o zumbido (retreinamento auditivo).
 
Como prevenir a perda de audição?
Evite a exposição a sons intensos, mantenha a pressão arterial em níveis adequados, evite distúrbios metabólicos (gorduras e açúcares). Além disso, coma de maneira saudável, não fume, não abuse do álcool, pratique exercícios físicos e não se automedique, pois diversos medicamentos como ácido acetil salicílico, antiinflamatórios, antibióticos, quimioterápicos e diuréticos, por exemplo, podem causar perda de audição.
 
 
Tabela de decibéis
Fonte sonoraIntensidade sonora em decibéis
(nível de pressão sonora)
Turbina do avião a jato140
Arma de fogo 130-140
Serra elétrica110
Cortador de grama107
Shows de rock, com distância de 1 a 2 metros da caixa de som 105-120
Furadeira pneumática 100-105
Piano tocando forte92-95
Walkman no volume 595
Pátio do Aeroporto Internacional
do Rio de Janeiro-Brasil
(medição fornecida pela Infraero)
80-85
(dosimetria - 8h)
Avenida movimentada85
Tráfego pesado 80
Automóvel
(passando a 20 metros)
70
Conversação a 1 metro 60
Sala silenciosa 50
Área residencial à noite 40
Falar sussurrando 20


 

Tempo de exposição
máxima por dia, em horas
Nivel sonoro em decibéis
8
85
6
92
4
95
3
97
2
100
1 1/2
102
1
105
1/2
110
< 1/4
115
 
Fontes:- Sociedade Brasileira de Otologia
- Mario Munhoz, otorrinolaringologista e assessor médico da área de Otorrinolaringologia do Fleury
 

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