sexta-feira, 21 de junho de 2013

CALVICE É GENÉTICA?

Calvície é genética? O assunto preocupa mais os homens, e não por acaso. A estimativa é a de que a calvície atinja 10% deles entre os 20 e os 30 anos e que, de cada dez homens com menos de 70 anos, oito apresentem predisposição como fator hereditário.
 
 
A alopecia androgenética de padrão masculino, por exemplo, provoca a queda nas entradas e no vértex parte superior da cabeça, região apelidada como cocoruto
A OMS (Organização Mundial de Saúde) fecha a conta: metade da população masculina do planeta terá algum grau da disfunção até os 50 anos. A culpa é da testosterona, hormônio sexual masculino, a maior responsável pela queda do cabelo. As mulheres também a produzem, mas em quantidade muito menor.
 
"Trata-se de um processo de afinamento e queda de cabelo causado por genes e hormônios. Atinge quase 50% dos homens e apenas 5% das mulheres", diz Valcinir Bedin, médico dermatologista formado pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em medicina pela Universidade de Campinas (Unicamp), tricologista (especialista em cabelo) e nutrólogo, presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo. 
 
"Os homens possuem mais hormônios masculinos e receptores, no couro cabeludo, ávidos por captar tais hormônios, se comparados com as mulheres. Sendo assim, o distúrbio é mais significativo neles", completa Adriano Almeida, dermatologista e tricologista, diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele (IPTCP), diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo e professor da Fundação Pele Saudável. 
 
Embora as mulheres estejam mais protegidas contra o revés, é bom considerar que, devido a estresse e outros fatores, médicos alertam para a perspectiva de aumento de 10% ao ano no número de casos de diminuição de fios nelas – que, embora não possa ser chamado de calvície, pois se trata de uma rarefação capilar, já mostra que a diminuição da farta cabeleira é um fantasma futuro para o público feminino.
 
Tipos diferentes
 
Conforme explica Bedin, há a alopecia androgenética de padrão masculino, em que a queda se dá nas entradas e no vértex (parte superior da cabeça, o 'cocoruto'); e a alopecia androgenética de padrão feminino, com rarefação no topo e na região da coroa, sem perda na área frontal. 
 
"Existem, ainda, as alopecias inflamatórias, como a areata, que são de origem autoimune, ou seja, o próprio organismo destrói os folículos capilares", explica a dermatologista e tricologista Ana Carina Junqueira Bertin, da Clínica Adriana Vilarinho e do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica, em São Paulo.
 
Também é preciso diferenciar calvície de queda de cabelo: a primeira tem origem genética, enquanto a segunda é um problema multifatorial, ou seja, detonado por várias condições, como genética, hormônios, fumo, álcool, sono de baixa qualidade, estresse, excesso de processos químicos – tinturas, descolorantes, alisantes –, anemia e faltas nutricionais de ferro e até exagero na manipulação física do cabelo em penteados que causam tração. 
 
"Já a calvície é poligênica, isto é, há vários genes envolvidos no processo, vindos dos pais (tanto do pai quanto da mãe) ou avós", considera o dermatologista Valcinir Bedin.
 
Para reverter o quadro, advertem os especialistas, é bom procurar tratamento logo que os primeiros sinais de calvície apareçam. Acredita-se que um quarto das pessoas começa a perder fios antes dos 25 anos e há casos prematuros de pacientes que sentem o problema já aos 15 anos ou no final da adolescência.
 
Felizmente, por meio de uma análise do histórico familiar e outros exames, como o da taxa de hormônios masculinos, é possível diagnosticar o tipo de calvície e indicar a melhor conduta para frear a queda. 
 
Mas tomar remédio para calvície causa mesmo disfunção erétil ou este é um dos maiores mitos sobre o assunto? "Quando falamos do medicamento finasterida, em alguns casos raros, pode haver a diminuição temporária da libido, sem afetar a ereção", diz o médico Valcinir Bedin. "Assim que a medicação é suspensa, o organismo metaboliza e excreta a droga em poucos dias e a disfunção se corrige", completa Ana Carina Junqueira Bertin.
 
Em geral, a calvície ocorre mais no topo da cabeça. VERDADE: "No caso da alopecia androgenética, a parte posterior é sempre poupada, pois não sofre a ação do hormônio masculino como no terço superior do couro cabeludo. Por isso, nas técnicas de transplante, é dali que se retiram os fios doadores", enfatiza o dermatologista Adriano Almeida. A calvície acomete mais o topo, a região da coroa e as entradas, e às vezes estas duas últimas áreas concomitantemente .
 
Alguns penteados, como coques e rabos, podem provocar a queda de cabelo. VERDADE: a dermatologista Ana Carina Junqueira Bertin, da Clínica Adriana Vilarinho (SP), adverte que qualquer penteado feito com excesso de tração pode causar a queda. "Em alguns casos, o abuso de práticas que puxam excessivamente os fios promovem perdas irreversíveis". Coques e rabos com amarrado muito forte, especialmente em pessoas afro-descendentes, promovem este distúrbio conhecido como alopecia de tração.
 
É normal perder até 100 fios por dia. PARCIALMENTE VERDADE: a troca de fios deve estar diretamente ligada à quantidade que a pessoa tem. "Em média, se o sujeito possui 100 mil fios, seria aceitável uma perda de mais ou menos 100 fios diários", diz o dermatologista Valcinir Bedin. A idade também conta: se na juventude este número pode facilmente atingir 150, com o passar do tempo é esperado que seja menor: entre 50 a 70, por exemplo. Importante: em condições favoráveis, o volume que cai deve ser reposto. Exemplo: caso o indivíduo perca 90 e reponha 90, há um equilíbrio que não evolui para rarefação capilar ou calvície. Porém, se o balanço for negativo, a falta de cabelo começará a incomodar. "Tem que avaliar o referencial de cada paciente: o desejável é que o número se mantenha estável. Caso haja um aumento neste índice, tem que investigar", completa a também dermatologista Ana Carina Junqueira Bertin.
 
No outono, os cabelos caem mais. VERDADE: a explicação é que existem, na pele, sensores de luminosidade que recebem mais estímulos no verão, fazendo com que o cabelo cresça mais e caia menos nesta estação. Aí, com a chegada do outono, os fios que não despencaram o fazem, dando a impressão de uma queda mais intensa.
 
Secador e chapinha causam queda de cabelo. PARCIALMENTE VERDADE: para o dermatologista Valcinir Bedin, tais aparelhos podem danificar os fios se usados incorretamente, mas não determinam o problema. Ana Carina Junqueira Bertin considera, por outro lado, que ambos empregados exageradamente, em altas temperaturas e acompanhados por força na escovação, detonam a quebra dos fios e aceleram sua queda.
 
Cosméticos como tintura, gel, mousse e produtos sem enxágue estimulam a queda. PARCIALMENTE VERDADE: o tricologista Valcinir Bedin diz que não: tratamentos químicos podem levar à quebra, e não à queda. "Eles ressecam e diminuem o brilho, mas não justificam queda nem calvície. De qualquer forma, é sempre indicado usar bons produtos, de marcas e fabricantes confiáveis, para garantir a saúde do cabelo". A colega Ana Carina Junqueira Bertin argumenta que itens sem enxágue comumente trazem mais oleosidade, facilitando a queda. "Isso não significa que não podem ser empregados. Com cautela, sem abuso, e aplicando certo, em geral, nas pontas, não há problema". Adriano Almeida finaliza dizendo que quem usa muito finalizador deve caprichar na limpeza, lançando mão, uma vez por semana, de xampus que retiram resíduos acumulados.
 
A caspa favorece a queda de cabelo. VERDADE: "Como piora a condição do couro cabeludo, há o risco de que influencie na queda", diz o dermatologista Valcinir Bedin. "Ela é provocada por um fungo, o que significa que o couro cabeludo não está em perfeito estado", arremata a dermatologista Ana Carina Junqueira Bertin, da Clínica Adriana Vilarinho. Vale observar que a caspa, em geral, é um sintoma paralelo da queda. Isso porque cerca de 70% dos calvos têm dermatite seborreica, quer dizer, oleosidade e descamação no couro cabeludo. Os floquinhos brancos também podem aparecer por desequilíbrio do PH da pele causado por xampus agressivos, estresse e má alimentação.
 
Vitaminas em excesso e anabolizantes causam queda de cabelo. VERDADE: esteroides originam a queda em pessoas geneticamente predispostas. "Isso acontece principalmente se os anabolizantes contiverem uma quantidade muito grande de hormônios", diz o presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo, Valcinir Bedin. As vitaminas, por sua vez, geram intoxicação e consequente perda capilar
 
 
Fontes: Dr. Valcinir Bedin, médico dermatologista da Universidade de São Paulo (USP) e Dra. Ana Carina Junqueira Bertin, dermatologista e tricologista do Centro de Cirurgia da Obesidade e Metabólica, em São Paulo.
 
 

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