terça-feira, 4 de junho de 2013

PERDOAR OS PAIS

Perdoar os pais e aceitá-los como são ajuda a ter uma vida mais feliz.
 
Ninguém, infelizmente, tem o poder de modificar o que ocorreu no passado. Alguns fatos dolorosos grudam na memória e continuam a causar sofrimento ao longo da vida, principalmente aqueles provocados pelos pais. Para muitas pessoas, os acontecimentos amargos não machucam só porque continuam vivos na lembrança, mas incomodam porque atrapalham o convívio familiar e social, a autoestima e a confiança em si mesmo.
 
"Ficar preso a algo que passou há muito tempo é não querer sair do papel de vítima", diz psicóloga
 
As circunstâncias nem precisam ser extremas, como abusos psicológicos ou físicos. Às vezes, uma palavra mais pesada, uma bronca vigorosa, presentes e passeios negados ou uma ausência muito sentida --a mãe ou o pai não puderam prestigiar a apresentação de balé ou a feira de ciências, por exemplo-- geram uma ferida emocional difícil de curar.
 
"Há sempre uma frustração envolvida. E ela é mais marcante a partir dos seis anos, quando a criança já tem consciência de que os pais não vivem exclusivamente em sua função. Nessa fase, há uma maior percepção dos próprios sentimentos e emoções", diz a psicóloga Elisa Villela, mestre e doutora em desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo).
 
Não há uma regra absoluta para definir o que pode magoar ou não uma criança, e em que intensidade. Aquilo que tem o efeito de uma tremenda desilusão para uma pode não ser tão decepcionante para outra. Tudo depende da personalidade, da relação com os pais e da percepção do ocorrido.
 

Como deixar as mágoas de lado

Segundo a terapeuta de família Elenice Gomes, da APTF (Associação Paulista de Terapia Familiar), analisar a história de vida dos próprios pais é um caminho rumo ao perdão. "Como eram os pais deles? Será que eram afetuosos ou distantes? Autoritários ou companheiros? Como uma mãe pode saber dar carinho se nunca o recebeu? Talvez os pais não tenham tido muitos recursos para agir de forma diferente", diz ela.
 
Para se livrar do sofrimento, ou ao menos atenuá-lo, o primeiro passo é olhar com cuidado para a experiência e reposicioná-la no momento atual. "Um bom modo de fazer isso é se imaginar no lugar do pai ou da mãe quando o fato aconteceu", afirma Elenice. "Nós só somos capazes de perdoar aquilo que compreendemos. Analisar o que houve é fundamental".

Por: Elenice Gomes - Terapeuta familiar

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