segunda-feira, 20 de maio de 2013

DISGRAFIA AFETA A AUTOESTIMA

Muitas vezes tida como desleixo, a disgrafia é uma disfunção que afeta crianças a partir de 5 anos de idade, mas pode ser corrigida
 
Desleixo, falta de capricho ou de atenção. Alguns pais podem ter essa impressão ao olharem a lição de casa dos filhos, cheia de garranchos. Ok, em certos casos a letra feia pode mesmo ser resultado da correria, da vontade de terminar logo a atividade para brincar ou da atenção focada na televisão e na conversa dos adultos. Mas não se deve tirar uma conclusão apressada, pois nem sempre o problema é tão simples assim.
 
 
 
A criança pode sofrer de disgrafia que, de forma bem simples, pode ser explicada como a dificuldade em escrever de forma legível. “Esse distúrbio não está associado a deficiências neurológicas, mas sim funcionais”, explica a psicopedagoga Regina Célia Pironatto, que atende crianças com dificuldade de aprendizagem. Ou seja, o cérebro funciona perfeitamente, a dificuldade está em passar para o papel o que foi aprendido mesmo que se conheça bem a língua, e em coordenar mão e punho para colocar no papel o que ela está tentando expressar. “Esse tipo de distúrbio se manifesta normalmente após os 5 anos, quando a coordenação motora fina passa a ser mais requisitada com a alfabetização”, explica Regina.
 

Os principais tipos de disgrafia

As disgrafias podem ser classificadas de diferentes formas. Mas, de modo geral, os
especialistas as dividem em dois grandes grupos. Nos dois casos, alguns “sintomas” são comuns, como a lentidão na escrita e a letra ilegível. As duas formas também podem aparecer associadas.

Disléxica: a criança não consegue fazer a relação entre os sistemas simbólicos e as grafias que representam os sons. Ou seja, o que ela coloca no papel no geral não corresponde ao que ela quer dizer. As principais características da disgrafia disléxica na escrita são omissão das letras, confusão de letras com sons semelhantes, inversão na ordem das sílabas, uniões e separações indevidas de sílabas, palavras ou letras.

Caligráfica: afeta diretamente a qualidade da escrita e a forma das letras. As principais características são, problemas com o tamanho das letras ( grandes ou pequenas demais), inclinação defeituosa das palavras e escrita muito clara (pouca pressão feita com o lápis) ou muito escura.

 

Como é feito o tratamento

Os pais e professores devem evitar repreender a criança que tem letra ruim. “Ela sempre tenta agradar aos adultos e, se sua letra desagrada, isso pode se tornar um problema”, diz Janice. “O importante é reforçála de forma positiva”. Janice aconselha aos professores nunca usarem o “X” (com a conotação de errado) para as respostas ilegíveis. O papel da escola é fundamental para identificar e ajudar a corrigir a disgrafia. Se os exercícios passados pelo professor não puderem ser completados pela criança, é o caso de procurar o apoio de um psicopedagogo ou de um terapeuta ocupacional.
 
Esses profissionais ajudarão o pequeno a desenvolver a conexão entre letras, sons e palavras. Os programas típicos focam no desenvolvimento da coordenação motora fina — como a força com a qual a criança prende o lápis. Podem envolver ainda trabalhos manuais, como escultura em argila e pintura. A duração do tratamento varia bastante, pode ir de poucos meses até três anos. Não tratar a disgrafia pode ser um risco. Normalmente a criança sente que não é boa o suficiente porque se exige dela uma habilidade que não tem. “Essa sensação de fracasso leva à deterioração do processo de aprendizagem e até do convívio social”, alerta Janice. Se não for tratada, a disgrafia segue até a idade adulta. É pouco provável que vá se corrigir sozinha. O resultado será pessoa com uma letra ilegível. “Mas nunca é tarde para iniciar o tratamento. O problema sempre pode ser revertido”, lembra Janice.



A terapia ocupacional pode ajudar a desenvolver
a conexão entre  letras sons e palavras

Como ajudar a criança

A disgrafia pode afetar a autoestima. Apesar da importância da escola, os pais podem ajudar bastante a superar a situação. Veja como:
  • Dê à criança papel com linhas bem definidas para que ela saiba onde deve ficar o topo da letra e a parte de baixo.
  • Incentive-a a escrever ou crie situações em que isso é necessário. Por exemplo, anotar o telefone de uma pessoa ou fazer a lista do supermercado.
  • Nunca dê bronca na criança quando ela não consegue escrever corretamente.
  • Peça para que faça exercícios como: rasgar tiras de jornal; picar pedaços de papel de revista; abrir e fechar as mãos por 20 segundos.
  • Em um caderno de caligrafia, peça para que ela faça ondinhas, riscos, círculos, triângulos e tracinhos.
 
 
 Fonte: Revista Viva Saúde

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