quinta-feira, 30 de maio de 2013

QUANDO SOMOS EXPLOSIVOS DEMAIS

Todos nós poderíamos escrever livros e mais livros sobre estórias de mal entendidos, sobre engolir "sapos e lagartos", sobre as pessoas que falam e agem por impulso e sem pensar deixam profundas marcas tanto nos outros como em si próprias.

Explosivos demais...
 O fato é que, invariavelmente, sempre que alguém fala de modo impositivo a outra pessoa, um pacote repleto de imagens, emoções e de certezas cegas é direcionado com a finalidade de atingir um caminho certeiro de ataque. O problema maior é que na hora da emissão e muitas vezes até depois da mesma, há total falta de consciência sobre o derradeiro impacto causado. As palavras mal ditas são arremessadas sem a menor prudência ou cuidado para com o semelhante e devastadoramente costumam atravessar o espaço como relâmpagos explosivos estragando e danificando tudo o que estiver à frente, no caso, pessoas.


 A energia exalada nessas ocasiões é altamente letárgica. A fachada é a de impaciência, ódio, superioridade e autoritarismo. Estes costumam ser os carros-chefes deste comportamento ditatorial.

E neste pacote cognitivo, explodem-se as mais diversas emoções e palavras desmedidas que voam como uma flecha aos seus destinatários.

Depois do suposto "estouro", o mais frequente de acontecer é o arrependimento, a autopunição e a culpa, somando-se ainda aos sentimentos de inadequação. Junte ainda o pensamento comum do "Faço tudo errado..." E esta pronta a receita do conhecido pensamento: "O que foi que eu fiz!?"

A partir, de então, a autoestima do acusador, esquentado demais, vai a menos infinito. Como resultado desta triste equação, o drama relacional fica instalado permanecendo entalado na garganta e no coração de todos os envolvidos.

Vítimas e acusadores da mesma questão emocional costumam serem reflexos espelhados um do outro. O que acusa explodindo, no fundo, tem sentimento e crença de impotência para resolver algo que o perturba. Aquele que é atacado por sua vez, também se sente impotente para se expressar, pois seja o que fosse falar mediante a tamanha explosão ou viraria fumaça ou acirraria mais ainda os ânimos do acusador.

A ideia é de que tanto acusador, como vítima, pudessem rever seus mais profundos conceitos sobre resolução de conflitos. Pudessem revisitar situações onde não foram ouvidos (desamparo) ou onde talvez tivessem sido ouvidos acima de tudo e de todos (mimados). Só a partir de busca interior sincera, e de ressignificação desses conteúdos internos mal resolvidos é que se consegue perceber que na atualidade as pessoas, verdadeiramente, podem ser diferentes das pessoas do convívio lá detrás.

Nosso sistema físico é uma maquina, nossos registros cerebrais fazem parte dessa máquina. Nossos padrões de respostas automáticas para a vida vêm de registros muito primitivos que o nosso cérebro fez.

Todos nós, sem exceção, acabamos reproduzindo reações ao longo da vida que estão de acordo com as situações que a nossa máquina cerebral associa com os primeiros eventos que passamos. O que acontece e que muitas vezes dificulta as mudanças de comportamento é que o cérebro age como se fosse por camadas, ou seja, uma percepção se sobrepõe a outra quando eventos semelhantes ocorrem. Com o passar do tempo, também passamos a sofisticar nosso linguajar e estratégias mentais devido as nossas subsequentes experiências de vida. Por este motivo, o próprio intelecto desenvolvido, muitas vezes na tentativa de ajudar o sistema a sobreviver, acaba dificultando a visão clara da realidade. A imposição de aspectos racionais e mesmo emocionais defensivos, sofisticação adquirida ao longo da existência, paradoxalmente, dificulta o contato com as origens dos conflitos que como resultado geram, por exemplo, pessoas explosivas demais...

Por isso mesmo, sempre sugiro um trabalho terapêutico de abordagem direta do consciente no próprio inconsciente para que este reprocesse e reprograme, inclusive, neurologicamente, padrões defensivos de respostas danosas tanto para os outros como para si mesmo. Sempre recomendo o meu expertiz que é o EMDR, ou Brainspotting.

Enquanto não se toma uma atitude drástica promovendo mudança total para este tipo de funcionamento, a vida das pessoas, implicadas neste tema, passa a ser infernal girando repetidamente nas emoções de desconfiança, medo, ataques de fúria, mágoa, tristeza, sofrimento e insegurança.

Desgastado e traumatizado, o receptor do explosivo também corre o risco de acabar vertendo imagens impregnadas de amor, na emoção contrária.

E enquanto a mente engana, a alma vai sofrendo.

- JÁ É HORA DE ACORDAR!

Enquanto não se faz um reprocessamento efetivo, defesas emocionais, se não trabalhadas, dificultarão o livre acesso ao conhecimento imediato.
 
 
Fonte: Silvia Malamud  - Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.


Nenhum comentário:

Postar um comentário