domingo, 26 de maio de 2013

VOCÊ TEM MEDO DE ENLOUQUECER?

Existe um ditado popular que diz: "Não abra demais sua mente porque você corre o risco de enlouquecer". Será que corremos algum risco ao entrarmos em contato com novas formas de pensar?

 
V. tem medo de enlouquecer?  Poderiam caminhos de conhecimento anteriormente inimagináveis representarem algum tipo de ameaça para nossa estrutura mental?
 
  Naturalmente e com toda a razão, você deve estar se perguntando qual seria a dificuldade em abrir a mente para algum novo tipo de conhecimento, mas a questão aqui é de uma ordem maior.

 
Todos nós temos direito de buscarmos conhecimentos e, por consequência, ampliação da nossa consciência, o que poucos notam, portanto, é que este suposto impulso de busca ocorre com a maioria das pessoas apenas até certo ponto.

Se você faz parte de um determinado grupo sócio-econômico-religioso que o acolhe e que lhe dá sentimento de pertencer, por mais amoroso que este grupo seja em relação a você, existem normas, regras de condutas e de pensamentos que devem ser seguidos para pertencer. Invariavelmente, todos nós nascemos em um grupo deste tipo. Se alguém estiver fora dos padrões determinados por sua "equipe", não conseguirá participar do time e, por consequência, o grupo não o reconhecerá e também não fará questão de interagir.

Aquele que não seguir as regras de funcionamento do grupo em que pretende estar inserido, em nossa atualidade, dificilmente terá êxito em sua inserção. Quem busca expansão de pensamentos e novas formas de existir comumente ameaça a quebra da unidade. Existe o medo da insanidade do que pode ocorrer se a identidade reconhecida mostrar-se a si mesma como frágil, passível de fragmentar. Fazendo uma analogia, para qualquer pensamento novo que sugerir alguma mudança no grupo, o sistema agirá exatamente como o organismo humano na tentativa de aniquilar um vírus.

Se houver suficiente coragem para retirar véus e ponderar a respeito, não haverá ameaça da ruptura dos padrões de funcionamento de famílias, cidades, escolas, religiões etc. e sim a abertura de possibilidades para ganho de outros pontos de vista e transformações. Ao promovermos o descortinamento dos cenários que criamos, capacitamo-nos a compreender como nos tornamos mestres em inventar estórias sobre driblar a percepção do desamparo existencial no qual todos nós estamos envolvidos.

Estamos à mercê de todas as forças da natureza, do acaso, da vida e da morte. Construímos castelos como se nunca fossemos morrer. Restringimos nossas possibilidades em esquemas limitantes imaginando por exemplo, inúmeras situações de funcionamento para que a vida além da vida seja boa, devido ao medo de lidar com o que não sabemos. Somos experts em invenções de realidades e passamos a vida transitando pelos dramas que criamos e que, na maioria das vezes, apenas nos servem como muletas para nos esquivar da responsabilidade de sermos reais com nós mesmos.

Nossa jornada faz parte de algo maior e que ninguém está habilitado a saber. Inventar magias para negar a nossa condição é que é loucura, insano. Ousar viver, ser responsável pela própria existência, desenvolver a capacidade de ser humilde tendo consciência de que todos nós estamos no mesmo barco é peça fundamental para de verdade ser livre, para libertar e liberar nossas mentes. Quando se alcança este status, percebe-se a incoerência do medo de fragmentar e de comprometer a supostas identidade construída.

A libertação da mente está no desenvolvimento da sensibilidade em desativar pensamentos mágicos, dogmas e verdades ditas como absolutas. Lembrando que a própria mitologia já foi vivenciada como verdade.

A tendência é nos socializamos com pessoas que têm o mesmo tipo de sistemas de crenças que os nossos, mas a pergunta que fica é se estes nos fortalecem para seguirmos em frente ampliando nossa consciência propiciando novos conhecimentos ou se são redes de pensamentos que apenas servem para aprisionar as nossas mentes e pior, as nossas almas.

Pause, respire e reflita. Exercite-se observando de onde se originam os pensamentos e crenças que vêm à sua mente e mesmo os que são ouvidos. Na sequência, pergunte-se o quanto e se eles têm serventia para o sentido que você quer dar à sua vida. Somos livres para buscar alternativas e às vezes necessitamos de outros pontos de vista.
 
 
Fonte: Silvia Malamud - Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.  Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.

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